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Como o aquecimento global frustrou o ‘General Inverno’ de Putin

Presidente da Rússia esperava que chegada do frio fosse crucial para que países europeus começassem a abandonar apoio à Ucrânia

Por Da Redação
16 jan 2023, 16h06

Assim que  presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma invasão à Ucrânia, países europeus começaram a tentar entender o que aconteceria se, em algum momento, Moscou parecesse de fornecer gás, já que muitos deles dependiam do fornecimento para suas fábricas e seus cidadãos. Mas um inverno mais ameno, devido às mudanças climáticas, fez com que a ameaça não fosse tão intimidadora.

A Europa está vivenciando condições climáticas inusitadas, e oitos países já registraram o dia mais quente de janeiro de suas histórias, com temperaturas acima de 20°C no sul da Suíça e da Alemanha. Algumas tradicionais pistas de esqui chegaram a ser fechadas porque não há neve o suficiente para a prática esportiva.

Ao examinar dados de temperatura da superfície terrestre ao longo do ano passado, cientistas do Goddard Institute for Space Studies (GISS), da Nasa, descobriram que 2022 empatou com 2015 como o quinto mais quente já registrado. De acordo com o levantamento, as temperaturas globais foram de 0,89 graus Celsius acima da média.

A maior parte dos países europeus confia há anos na Rússia para aquecer casas e alimentar fábricas. Mas, como a Europa Ocidental e Central desfrutaram de um inverno mais quente do que o esperado, juntamente com uma campanha coordenada para reduzir o consumo de gás, o Kremlin não conseguiu usar isso como peso para que as nações dependentes deixassem de apoiar a Ucrânia.

“Há uma visão tradicional na Rússia de que um de seus melhores ativos na guerra é o ‘General Inverno’, explica Keir Giles, consultor sênior do think tank Chatham House, à rede CNN.

 Historicamente, o inverno russo teve muita relevância em eventos militares ao longo da história da Rússia e do mundo: as forças de Napoleão foram fustigadas pelo rigoroso inverno russo em 1812, assim como as tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

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“Neste caso, a Rússia procurou explorar o inverno para aumentar o poder de outra ferramenta em sua caixa: a energia. A Rússia estava contando com um inverno congelante para tentar seduzir a Europa e convencer todo o continente de que o apoio à Ucrânia não valia a pena em suas carteiras”.

Com as temperaturas mais suaves, os governos europeus ganharam uma janela de oportunidade para reduzir a dependência do gás russo antes que o próximo inverno chegue. Isso pode desempenhar ainda um papel crucial na manutenção da frente unida do Ocidente, à medida que a guerra chega perto de completar um ano, em 24 de fevereiro.

Mas segundo Adam Bell, ex-autoridade do setor energético do Reino Unido, estocar gás não é o suficiente. Críticos acusam os governos europeus de se concentrarem demais no controle do preço imediato do gás, em vez de investir em medidas de longo prazo, como eficiência e energias renováveis.

“Mais trabalho precisa ser feito em eficiência. Casas e empresas precisam de edifícios que desperdicem menos energia através do isolamento. As empresas precisam mudar os processos de fabricação do gás natural”, ressalta à CNN.

Críticos acusam os governos europeus de se concentrarem demais no controle do preço imediato do gás, em vez de investir em medidas de longo prazo, como eficiência e energias renováveis.

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Já John Springford, vice-diretor do Centro para a Reforma Europeia, diz que “os governos poderiam fazer mais para incentivar e acelerar o desenvolvimento de fontes renováveis de energia”.

A médio prazo, a Europa agora tem a oportunidade de implementar algumas das mudanças em seus hábitos de consumo de energia que se mostraram politicamente difíceis. A objeção a fontes renováveis, como parques eólicos terrestres e críticas ao preço de políticas de emissão zero passou a ser revista, agora que os custos reais e a instabilidade que vêm com o gás importado são mais óbvios.

Mas pode ser que isso acelere ainda mais o uso de combustíveis fósseis, intensificando por sua vez a queima de gases causadores do efeito estufa. Em dezembro passado, a Agência Internacional de Energia afirmou que a demanda global por carvão – o mais poluente de todos os combustíveis fósseis – atingiu um recorde em 2022 em meio à crise energética causada pela guerra da Rússia.

Apenas um ano depois que os países concordaram em reduzir gradualmente seu uso de carvão na conferência climática das Nações Unidas em Glasgow, a Europa trocou algumas usinas de carvão recentemente fechadas novamente.

A AIE disse que, embora o aumento no consumo de carvão tenha sido relativamente modesto na maioria dos países europeus, a Alemanha viu uma reversão de uma “escala significativa”.

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