O principal movimento antimonarquista do Reino Unido está planejando protestos no sábado 6, dia da coroação do rei Charles III, para demandar que o país se torne uma república. As manifestações vão ocorrer ao longo da rota da Procissão do Rei, ao lado de uma estátua de Charles I, decapitado em 1649, dando à luz uma república de curta duração.
O grupo de manifestantes foi fundado em 1983 e faz campanha para que o chefe de Estado britânico seja eleito. Eles acreditam que a ascensão de Charles III ao trono é sua melhor chance para acabar com a monarquia, que remonta a mais de mil anos.
Segundo Graham Smith, líder do movimento, este será seu maior protesto de todos os tempos. Smith acredita que a grande coroação na Abadia de Westminster, em Londres, é uma oportunidade perfeita para expor o que ele considera uma instituição anacrônica, sem lugar em uma democracia do século XXI, especialmente em um momento em que as pessoas estão enfrentando a pior crise inflacionária em décadas.
Os organizadores esperam que mais de mil pessoas, vestidas com camisas amarelas, participem dos protestos no dia 6 de maio. Quando um recém-coroado Charles passar, em sua carruagem de ouro, pelas ruas repletas de dezenas de milhares de simpatizantes, eles planejam vaiar alto e cantar o slogan: “Não é meu rei”.
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Embora a monarquia já tenha cedido essencialmente todo o poder ao Parlamento, o rei ou a rainha ainda desempenham um papel significativo e simbólico na vida dos britânicos, participando da nomeação de primeiros-ministros e do sistema judicial.
As pesquisas mostram que Charles é menos popular do que sua mãe, a rainha Elizabeth II, a segunda monarca com reinado mais longo do mundo. Segundo o YouGov, em 2012, 80% do público disse que a realeza era boa para o Reino Unido, mas esse número caiu agora para 58%.
Mesmo com a queda da popularidade da monarquia, contudo, os protestos republicanos são relativamente pequenos e a maioria dos britânicos ainda quer uma família real.
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Analistas afirmam que, apesar de haver uma preocupação do monarca com o declínio do respaldo público, todas as instituições políticas britânicas sofreram com a queda de confiança e há uma falta de consenso sobre como a monarquia seria substituída. Além disso, até mesmo monarcas muito populares, como a rainha Victoria e Elizabeth II, passaram por períodos de impopularidade.
Além de Londres, protestos são esperados nas capitais da Escócia e do País de Gales no dia da coroação. O novo líder da Escócia, Humza Yousaf, eleito no mês passado, disse que queria acabar com a monarquia. O líder do País de Gales, Mark Drakeford, também quer uma república, o que significa que duas das quatro nações que compõem o Reino Unido são lideradas por republicanos.