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Com Charles afastado, William assume deveres reais em momento ingrato

O herdeiro cumpre um papel parecido com o que o futuro lhe reserva. Os súditos não estão reclamando

Por Amanda Péchy 18 fev 2024, 08h00

Depois de sete décadas de presença inconteste da rainha Eli­za­beth II no trono, a monarquia hereditária britânica passa por desacostumados solavancos. O primeiro veio com a morte da própria Elizabeth, em setembro do ano passado, e a ascensão — finalmente — do rei Charles III. Agora é Charles, 75 anos, que tem de se afastar de parte de suas funções para tratar de “uma forma de câncer”, cujos detalhes não foram revelados. Mesmo reiterando que o estado de saúde do rei não o impede de trabalhar em casa, o Palácio de Buckingham convocou William, o príncipe de Gales, para a linha de frente dos compromissos externos do monarca — antecipando um papel para o qual ele é preparado desde que nasceu, mas que, em circunstâncias normais, ainda deve demorar para assumir. A providência desencadeou o debate sobre como seria o reino sob um soberano jovem, certinho e admirado, e a conclusão do (um tanto macabro) exercício é a esperada: a casa real sairia ganhando com a troca.

O momento é ingrato para William: ele estava praticamente afastado dos deveres reais para cuidar dos filhos e do palacete enquanto a mulher, Kate, se recupera de uma misteriosa “cirurgia abdominal”. De volta à ativa, o príncipe conduziu uma cerimônia de investidura em Windsor e participou de um jantar de gala em Londres como patrono da ONG Ambulância Aérea — ali, além de agradecer as mensagens de apoio, ainda brincou: “As últimas semanas tiveram um foco bastante médico. Nada mais óbvio do que um evento da Ambulância Aérea para eu escapar um pouco disso”. Mais formal deverá ser sua presença no Dia do Commonwealth, no início de março, ocasião em que o cortejo é tipicamente liderado pelo rei.

PAUSA - Charles: dando um tempo nas inaugurações e premiações
PAUSA - Charles: dando um tempo nas inaugurações e premiações (Max Mumby/Getty Images)

Visto como um pai presente para George, 10 anos, Charlotte, 8, e Louis, 5, William cultiva com zelo a vida familiar e, aos 41 anos, não mostra pressa em ocupar seus dias cortando fitas e inaugurando placas, entre outras cerimônias — Charles compareceu a 425 delas em 2023. “A rainha Elizabeth incutiu no filho o mantra de que o monarca precisa ser visto pelos súditos para acreditarem nele. Já o neto prefere provocar mais impacto social com menos aparições”, explica Craig Prescott, advogado especialista em monarquia. Assumir funções reais agora atrapalha esse projeto, ainda mais tendo em conta que os senior royals, a elite da casa real, estão reduzidos a menos de uma dezena e a mais graduada deles, a rainha Camilla, não tem lá grande apelo.

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O movimento, no entanto, pode vir a reforçar a monarquia, essa instituição anacrônica e meio absurda no mundo atual. William é o royal com a maior popularidade, 62%, seguido de perto por Kate, com 61%. Defensor de bandeiras de estimação das novas gerações, como saúde mental e mudança climática, seria capaz de reverter o nariz torcido da faixa dos 18 aos 24 anos, dos quais só 37% são a favor da monarquia. A roda da sucessão está girando em toda a Europa. O espanhol Juan Carlos I abdicou em 2014 em favor do filho Filipe VI, que tinha 46 anos na época. Na Holanda, Willem-Alexander tornou-se rei aos 46 quando sua mãe, Beatrix, achou por bem “colocar a responsabilidade pelo país nas mãos de uma nova geração”. Margrethe II, da Dinamarca, acaba de fazer o mesmo pelo filho Frederik, de 55 anos. “Por enquanto, não há sinal de que isso se repetirá no Reino Unido”, diz Prescott. Mas William, queira ou não, tem um bom período de treino pela frente para já ir se acostumando.

Publicado em VEJA de 16 de fevereiro de 2024, edição nº 2880

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