Proposta do Brasil que serve como legado da presidência brasileira à frente do G20, o grupo das maiores economias do mundo, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi lançada oficialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira, 18, com endosso de 82 países. A Argentina, comandada pelo ultraliberal Javier Milei, inicialmente não faria parte da iniciativa, mas passou a integrar a lista de adesões.
Além dos países que farão anúncios de ações concretas a partir da decisão de participar, a aliança também envolve 66 organizações internacionais públicas e instituições financeiras, assim como grandes instituições filantrópicas, organizações da sociedade civil e outras entidades sem fins lucrativos.
Na sexta-feira, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, ressaltou que ainda não é possível estimar o volume total de recursos financeiros canalizados para a aliança, mas lembrou que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já anunciou financiamento adicional de 25 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de 140 bilhões de reais.
Entre os países que anunciaram apoio à iniciativa está a França. A VEJA, o embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, disse que o projeto “está perfeitamente alinhado com nossos compromissos internacionais com a segurança alimentar”.
A Aliança Global contra a Fome a Pobreza tem como objetivo estabelecer uma forma de captação de recursos e conhecimentos entre países para a implementação de políticas públicas e tecnologias sociais eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. O mecanismo será gerido pelo governo brasileiro e pela FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas podem ter enfrentado a fome em 2023, o que representa uma em cada 11 pessoas no mundo. No Brasil, 8,4 milhões de pessoas passaram fome entre 2021 e 2023.
“Conselho de Campeões”
Como previsto nos termos da estrutura de governança aprovados pelo G20, a aliança terá um “conselho de campeões”, composto por “um grupo diversificado de representantes seniores provenientes dos membros da Aliança em seus pilares nacional, de conhecimento e financeiro”. O foco dos selecionados é incentivar a participação ativa de países, instituições e organizações, além de ajudar a remover obstáculos e facilitar o estabelecimento de parcerias concretas orientadas para a ação e implementação de políticas no nível nacional.
Os primeiros 17 membros foram anunciados nesta segunda a partir de manifestações de interesse de países organizações que participaram do desenvolvimento inicial da aliança. Quando totalmente constituído, o conselho será composto por até 50 membros, sendo 25 países e 25 organizações.
A primeira reunião do conselho completo está prevista para ocorrer no primeiro trimestre de 2025, marcando o início de sua plena operação.