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Com 92% dos votos apurados no Peru, sindicalista Castillo ultrapassa Keiko

Na reta final da apuração, esperança da esquerda está no voto rural, enquanto filha do ex-ditador Fujimori confia nos votos do exterior para tentar virada

Por Da Redação 7 jun 2021, 15h22

Com 92,62% das urnas da eleição do último domingo contabilizadas, o sindicalista Pedro Castillo ultrapassou Keiko Fujimori, filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori (1990-2000) na disputa pela Presidência do Peru. Pela primeira vez à frente, o candidato do partido Peru Livre tem 50,07% dos votos válidos, enquanto Keiko, que concorre ao cargo pela terceira vez pelo Força Popular, soma 49,92%.

O vencedor das eleições mais polarizadas da história recente do Peru está sendo decidido voto a voto, como já havia sido previsto na noite de domingo pelo instituto de pesquisas Ipsos, que projetou a vitória de Castillo, com 50,2% dos votos, sobre Keiko, com 49,8%.

Até o momento, o professor e líder sindical soma 8.399.160 votos, cerca de 26.000 a mais que os 8.373.661 da adversária.

Na reta final da apuração, a esperança de Castillo está no voto rural e das zonas mais distantes do país, enquanto Keiko confia nos votos do exterior para conseguir a virada.

O novo presidente tomará posse no dia 28 de julho, dia em que o Peru completará 200 anos de independência, e herdará uma cadeira presidencial marcada por escândalos. Todos os que se sentaram desde 1985 acabaram sendo processados ou presos, com exceção dos presidentes interinos Valentín Paniagua (2000-2001) e Francisco Sagasti (2020-2021). O mais conhecido entre esses ex-presidentes é justamente Fujimori.

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Desde 2016, outros quatro presidentes foram processados dentro da versão peruana da operação Lava Jato e que também envolve a construtora brasileira Odebrecht e o pagamento de propinas a autoridades. Os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (1985-1990 e 2006-2011), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) foram alvos da Justiça.

Tendência

O ganhador será decidido por poucos milhares de votos, assim como há cinco anos, quando, em 2006, Pedro Pablo Kuczynski superou Keiko Fujimori por apenas 40.000. Diferentemente daquelas eleições, quando as duas opções eram da direita, desta vez estão frente a frente duas ideias radicalmente opostas.

Pedro Castillo, um professor rural religioso e conservador, alheio à política tradicional peruana, concorre com propostas radicais – às vezes perigosas ou inaplicáveis. Uma de suas principais promessas é a elaboração de uma nova Constituição que dê ao Estado maior papel como regulador do mercado.

Já Keiko Fujimori representa a volta do governo de seu pai, Alberto Fujimori, que colocou o país em uma fossa de práticas corruptas das quais ainda não saiu. O político, hoje com 82 anos, cumpre pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e por uma gigantesca rede de corrupção. A própria candidata também é alvo de um pedido de 30 anos de prisão por parte do Ministério Público e promete conceder um indulto ao seu pai se for eleita.

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Nas últimas horas, a tendência da contagem se mostrou favorável a Castillo, que tirou uma desvantagem de quase seis pontos percentuais na primeira parcial, divulgada à meia-noite, quando 42% dos votos tinham sido computados, a maioria de centros urbanos, onde Keiko tem a preferência do eleitorado.

Desde a noite de domingo, quando os centros de votação foram fechados, ambos os candidatos pediram calma para esperar a apuração oficial.

Enquanto Keiko permanece em casa, Castillo viajou nesta segunda-feira de Cajamarca, no norte dos Andes peruanos, onde votou, para Lima.

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