A três dias do início da Cúpula do Clima de Glasgow, na Escócia, cientistas do centro de estudos climáticos Woodwell Climate Research Center, nos Estados Unidos, emitiram alerta de que o solo do Ártico está “literalmente entrando em colapso” graças a à escalada nos termômetros da região.
Responsável por cobrir um quarto da superfície terrestre do Hemisfério Norte, o permafrost, solo que permanece congelado ao longo do ano, vem sofrendo danos irreversíveis graças a ondas de calor inéditas na Sibéria, na Rússia, na Escandinávia e no norte do Canadá.
Latitudes mais ao norte estão aquecendo a mais de duas vezes a taxa da média global devido à rápida perda de gelo marinho, substituindo uma superfície branca capaz de refletir a luz do sol pelo azul-escuro altamente absorvente do mar.
Como consequência, o Ártico já aqueceu mais de 2ºC acima de sua média pré-industrial, com temperaturas que tendem a aumentar ainda mais.
Os cientistas alertaram para a velocidade com que o clima vem mudando na área polar. Temperaturas de 30ºC, dignas dos trópicos, estão sendo observadas cerca de 70 anos do que indicavam as projeções.
O degelo do permafrost também pode acelerar o problema. Esse solo retém 1,6 trilhão de toneladas de carbono orgânico, quase o dobro do encontrado atualmente na atmosfera terrestre.
Ao derreter, o solo passa a concentrar condições ideais à proliferação de micróbios que produzem dióxido de carbono ou metano enquanto se alimentam da matéria orgânica em decomposição.
À medida que as temperaturas aumentam, os depósitos congelados de metano natural e outros hidrocarbonetos dentro do permafrost também se transformam em gás, que pode ser liberado por meio de rachaduras. Esse material poluente acaba indo parar na atmosfera.