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Cientista russo diz que desenvolveu toxina usada em ex-espião

Leonid Rink afirmou que ajudou a desenvolver produto químico, contrariando afirmações da Rússia

Por Reuters Atualizado em 21 mar 2018, 08h26 - Publicado em 20 mar 2018, 18h21

Um cientista que trabalhava para a Rússia nos tempos da Guerra Fria admitiu, nesta terça-feira, que ajudou a criar o agente químico que o Reino Unido diz ter sido usado para envenenar um ex-espião russo e sua filha, contradizendo as alegações de Moscou de que nem a Rússia nem a União Soviética tiveram um programa para desenvolver tal arma química.

Ainda assim, o estudioso, chamado Leonid Rink, disse à agência de notícias RIA que o ataque não parece ser obra de Moscou. “É difícil acreditar que os russos estavam envolvidos, dado que todos aqueles que foram atingidos no incidente ainda estão vivos”, disse. “Uma incompetência tão ultrajante dos supostos espiões [russos que armaram o ataque] teria sido simplesmente risível e inaceitável.”

O ex-agente duplo que sofreu o ataque, Sergei Skripal, e sua filha, Yulia, continuam vivos, mas em estado grave. Há três semanas, foram encontrados inconscientes na cidade inglesa de Salisbury. Um policial que os acudiu também está hospitalizado em estado grave.

Rink disse ter trabalhado em uma instalação de armas químicas da União Soviética, onde o agente nervoso de uso militar Novichok foi desenvolvido. Indagado se foi um dos criadores do Novichok, ele respondeu à RIA: “Sim. Foi a base de minha dissertação de doutorado”.

Moscou negou qualquer envolvimento no caso Skripal e também que a União Soviética ou o Estado russo que a sucedeu tenha desenvolvido o Novichok. Ecoando uma teoria veiculada pela imprensa estatal russa, Rink disse que os britânicos podem estar por trás do ataque.

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Inspetores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) começaram a examinar o veneno usado no ataque, que Londres atribui a Moscou.

Rink disse à RIA que trabalhou em uma instalação soviética de pesquisa de armas químicas na cidade de Shikhany, na região russa de Saratov, durante 27 anos, até o início da década de 90. O Novichok não é uma única substância, explicou, mas um sistema de uso de armas químicas que foi batizado pela União Soviética de ‘Novichok-5’.

“Um grande grupo de especialistas de Shikhany e de Moscou trabalhou no Novichok – nas tecnologias, nas toxicologias e na bioquímica”, afirmou. “No final obtivemos bons resultados.”

Rink confessou ter fornecido, em segredo e por dinheiro, um veneno de uso militar que foi usado para matar um magnata banqueiro russo e seu secretário em 1995.

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