Ciclone Idai deixa pelo menos 215 mortos na África
A cidade de Beira, em Moçambique, foi 90% destruída. Chuvas torrenciais e ventos de até 170 km/h também atingem o Zimbábue e o Malawi
O número de mortos pela passagem do ciclone Idai na África chegou a 215 nesta segunda-feira, 18. As enchentes e os fortes ventos atingem Moçambique desde a quinta-feira 14 e se abateram também sobre o Zimbábue e o Malawi. O fenômeno ainda não perdeu força na região, que continua em alerta máximo para novas tempestades.
Em Moçambique e no Malawi, 126 vítimas morreram, de acordo com a Cruz Vermelha Internacional. O ministro da Informação do Zimbábue, Christopher Mutsvangwa, afirmou que há 89 pessoas mortas pelas tempestades no país.
A cidade moçambicana de Beira foi a mais devastada pelos desastres naturais. Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), 90% de suas estruturas foram destruídas. As primeiras equipes de resgate conseguiram acessar a região apenas no domingo 17.
Ainda ontem, o desabamento de uma grande barragem interrompeu o trânsito da última via de acesso à cidade, deixando seus 530.000 habitantes isolados.
O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse em depoimento à rádio estatal que apesar dos números oficiais contabilizarem 84 mortos, o governo estima que o Idai pode ter deixado pelo menos mil vítimas fatais no país. Segundo ele, a escala do desastre foi “gigantesca” e durante sobrevoo às áreas mais afetadas, era possível avistar corpos boiando nos rios.
O IRFC emitiu uma nota afirmando que “a escala de dano causado pelo ciclone Idai que atingiu a cidade portuária de Beira é gigantesca e horrível”. A organização manteve o alerta máximo com a iminência de novas tempestades na região e deixou claro que a contagem das vítimas fatais deve aumentar assim que as autoridades tiverem um acesso mais amplo à região.
Centenas de pessoas estão desaparecidas e mais de 1,5 milhão foram afetadas pela destruição. No Zimbábue, país de 15 milhões de habitantes que enfrenta crises econômica e política e um grande período de estiagem, o distrito de Chimanimani está sem comunicação com o resto do país por causa das chuvas torrenciais e dos ventos que chegaram aos 170 km/h, levando casas, pontes e interrompendo os serviços de energia.
Muitos dos moradores da região buscaram refúgio nas montanhas, onde se abrigam desde sexta-feira 15, depois de terem suas casas atingidas por avalanches de pedras, deslizamentos de terra e alagamentos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que pelo menos 5,3 milhões de pessoas precisarão de ajuda humanitária nas áreas atingidas. Os serviços de resgate têm dificuldades para chegar às áreas atingidas e muitas das famílias não podem nem mesmo enterrar seus parentes dada a gravidade das enchentes.
(com Reuters)