O final de semana foi de elevação nas tensões entre Estados Unidos e China. Um dia depois do jornal britânico Financial Times revelar que Pequim realizou testes com um míssil hipersônico de capacidade nuclear, Washington anunciou que organizou um exercício militar com o Canadá no Estreito de Taiwan na última semana.
O teste ocorreu em agosto, mas foi mantido em segredo pelo governo chinês e surpreendeu os Estados Unidos, segundo o Financial Times. O míssil hipersônico estava armado com uma ogiva nuclear e foi lançado por um foguete do tipo Long Marche. O projétil circulou a Terra em órbita baixa antes de descer em direção a um alvo, mas errou a meta em cerca de 38 quilômetros. Mísseis hipersônicos são capazes de voar a até cinco vezes a velocidade do som, ou 6,2 mil quilômetros por hora.
A China, por sua vez, negou as informações divulgadas pelo jornal britânico. O comando em Pequim afirmou que o teste citado se tratou de uma checagem de rotina de tecnologias de naves espaciais e não de um míssil. “Não era um míssil, era uma espaçonave”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês nesta segunda-feira, 18. “Esse tipo de checagem é de grande importância para reduzir o custo do uso de espaçonaves.”
Mas antes mesmo que o governo chinês pudesse prestar explicações, Washington confirmou que dois navios de guerra – um contratorpedeiro norte-americano e uma fragata canadense – realizaram exercícios no Estreito de Taiwan, que fica entre a ilha e a China continental, na quinta e na sexta-feira da última semana.
O governo de Pequim condenou o exercício, afirmando que “os Estados Unidos e o Canadá se uniram para provocar e criar problemas, pondo seriamente em risco a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan”. O próprio governo chinês, porém, vem realizando manobras militares para intimidar o governo da ilha. Apenas em outubro, cerca de 150 aeronaves chinesas sobrevoaram a Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan.
A China não reconhece a independência de Taiwan e a considera uma “província rebelde”. Apesar do governo democrático local, Pequim deseja reanexar Taiwan, uma posição que os Estados Unidos consideram inaceitável. Os exercícios dos países ocidentais têm a finalidade de reforçar o compromisso de defender a ilha em caso de agressão chinesa