China se prepara para Ano do Dragão e 9 bilhões de viajantes
Em comparação aos dados pré-pandêmicos, voos dispararam 17% e transportes de comboio aumentaram 23%
A China se prepara para o Ano Novo Lunar, que tem início neste sábado, 10, quando a primeira lua nova brilhará no país. Ele é o ponto de partida do Festival da Primavera, de 15 dias. Autoridades chinesas acreditam que a data quebrará um impressionante recorde: contando a partir de 26 janeiro, acredita-se que serão realizadas 9 bilhões de viagens até este sábado. O feriado do ano passado foi celebrado poucas semanas após as medidas restritivas contra a Covid-19 terem sido revertidas. Um novo pico de infecções pelo vírus, no entanto, impediu o retorno de inúmeros chineses para casa.
Neste ano, então, a população planeja matar a saudade dos entes queridos e comemorar a chegada do Ano do Dragão, como define o calendário zodíaco de 2024. A visita, contudo, será mais difícil do que o esperado, uma vez que nevascas e chuvas congelantes atingiram o leste e o centro da China nesta semana. Como consequência, o horário de voos foram reduzidos e motoristas ficaram presos em estradas por horas, presos na neve.
Mas o tempo instável não causou desânimo. Um mar de pessoas transitou por estações de trem, aeroportos e rodovias nos últimos dias, no já muito conhecido período de pico de viagens, chamado de “chunyun”, do Festival de Primavera. Trabalhadores dos centros urbanos retornam para as pequenas cidades ondem nasceram para dar início aos trabalhosos preparativos exigidos pelo feriado.
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Travessia em números
Na terça-feira, foram registradas 2,2 milhões de viagens aéreas e outras 12,9 milhões ferroviárias. Em comparação aos dados pré-pandêmicos, de 2019, os voos dispararam 17% e os transportes de comboio aumentaram 23%, informaram as autoridades de transportes. Ao todo, mais de 232 milhões de viagens foram feitas na data, padrão seguido na quarta e na quinta-feira.
Espera-se que as principais estações ferroviárias de Xangai transportem cerca de 475 mil passageiros nesta sexta-feira. O montante também impressiona, já que representa um crescimento de mais de 61% em relação a 2019, de acordo com o meio de comunicação estatal The Paper.
Os volumes de voos domésticos durante a primeira semana da corrida às viagens aumentaram cerca de 15% em relação ao mesmo período de 2019, informou também o veículo, citando uma publicação de aviação civil.
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O que é o Ano do Dragão?
De enorme complexidade, o calendário do zodíaco chinês descreve um ciclo de 12 anos representado por 12 animais diferentes, em uma ordem específica: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Cobra, Cavalo, Cabra, Macaco, Galo, Cão e Porco. Ou seja, os nascidos neste ano terão como seu signo animal do zodíaco o dragão, enquanto os de 2025 serão pequenos bebês cobras.
Os adeptos acreditam que a definição do signo permite indicar o grau de sorte, que dependerá em grande parte das posições do Tai Sui – como são chamadas as divindades estelares que giram na direção oposta de Júpiter.
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Preparativos
Para receber o novo ano, os preparativos começam uma semana antes da data marcada – neste ano, 10 de fevereiro. A longa lista inclui preparação de guloseimas, grandes limpezas da casa e suspensão de faixas vermelhas, seguida fielmente. No 24º dia do último mês lunar (3 de fevereiro), são preparados bolos e pudins que, segundo a crença, estimulam melhorias e crescimento no próximo ano.
Quatro dias depois, as residências passam por intensas faxinas que supostamente livram os moradores do azar acumulado do ano anterior. Ainda sobre boa sorte, não é orientado lavar ou cortar o cabelo no primeiro dia do ano novo, bem como a compra de calçados durante todo o mês lunar, já que o termo para sapatos (haai) é similar a suspirar em cantonês.
As faixas vermelhas, por sua vez, fazem parte do mito da fera subaquática “Nian”. Reza a lenda que um ancião misterioso teria sobrevivido ao ataque do mostro, impedindo uma aldeia de ser destruída. Para tanto, ele teria pendurando faixas vermelhas com expressões auspiciosas na porta das casas, acendido fogos de artifício e vestido roupas vermelhas, de forma a espantar Nian. O rito é, então, repetido até hoje pelos chineses.