O presidente chinês Xi Jinping inaugurou nesta terça-feira 23 a maior ponte marítima do mundo, uma gigantesca construção ligando Hong Kong, Macao e a China continental.
A enorme estrutura, de 55 quilômetros de comprimento, é formada por quase 35 quilômetros de seções de ponte e estrada, além de um túnel de 6,7 quilômetros que passa sobre o delta do Rio das Pérolas e entre as ilhas artificiais da região para permitir que mercadorias circulem sem obstáculos.
A construção permite ligar, graças a ilhas artificiais e a gigantescas estruturas rodoviárias, a ilha de Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade de Zhuhai, na província de Cantão.
A ponte será aberta ao tráfego oficialmente na quarta-feira (24), um dia após sua inauguração.
“Declaro oficialmente inaugurada a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macao”, disse o presidente chinês em uma breve declaração durante a cerimônia na cidade de Zhuhai.
A obra faraônica, que começou em 2009, foi marcada por numerosos atrasos, superfaturamento, casos de corrupção e mortes de operários.
Para as autoridades chinesas, contudo, a ponte promoverá os intercâmbios comerciais, unindo de forma espetacular as duas regiões administrativas especiais da República Popular da China.
Em Hong Kong, no entanto, os detratores do projeto consideram que essa é mais uma tentativa de Pequim de aumentar sua influência sobre esta ex-colônia britânica, que em tese possui uma ampla autonomia desde 1997.
A nova estrutura faz parte do projeto do governo chinês conhecido como a “Grande Baía” (Greater Bay Area), que prevê a integração das duas “regiões administrativas especiais” de Hong Kong e Macau em uma enorme urbe de 75 milhões de habitantes. A zona também incluirá nove cidades da província de Cantão, a mais dinâmica da China, entre elas sua capital homônima e Shenzhen.
Outro elemento-chave deste projeto global é a nova linha de trem de alta velocidade entre Cantão e Hong Kong, inaugurada em setembro passado.
Restrições
O principal trecho da ponte está sob a soberania chinesa e os motoristas de Hong Kong devem “submeter-se às leis e normas do continente”, anunciou o Departamento de Transportes da cidade.
Para poder circular pela ponte, os motoristas de Hong Kong também precisarão de uma autorização. A aprovação desta permissão depende de critérios muito restritivos estipulados pelo governo chinês.
Cidadãos que ocupam postos oficiais na China ou têm feito doações a organizações de caridade em Cantão terão mais chances de conseguir a permissão, por exemplo.
A maioria dos passageiros utilizará a ponte a bordo de um ônibus com autorização oficial.
Muitos internautas de Hong Kong criticaram as restrições, alegando que a construção foi financiada em grande parte pelo território semiautônomo.
A China já possui o recorde de maior ponte do mundo: o viaduto ferroviário Danyang-Kunshan, de 164,8 km de comprimento. A nova construção ganhou o título de maior ponte marítima do mundo.
(Com AFP e Reuters)