China e Rússia boicotam reunião da ONU sobre Venezuela
Estados Unidos promoveram encontro no qual chamaram país sul-americano de "ameaça global"; gesto foi classificado por Caracas como "ato hostil"
China, Rússia, Bolívia e Egito boicotaram nesta segunda-feira a reunião informal do Conselho de Segurança da ONU sobre a Venezuela. O país, qualificado nesta segunda-feira pelos Estados Unidos como uma “ameaça global”, classificou o encontro promovido pelo governo americano como um “ato hostil”, disse o embaixador venezuelano no órgão, Rafael Ramírez.
“A situação na Venezuela é mais uma tragédia humana e representa uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais”, declarou a embaixadora americana Nikki Haley na reunião sobre a crise na Venezuela. A diplomata disse que foi pressionada por países latino-americanos a não realizar a reunião e não escondeu sua decepção com vários membros do Conselho de Segurança que “cederam à pressão venezuelana” e não compareceram ao encontro. “A Venezuela é um narco-Estado cada vez mais violento e que ameaça a região, o hemisfério e o mundo”, adicionou.
“Não acreditamos que o Conselho de Segurança deva se envolver neste tema no momento”, disse à imprensa o embaixador russo Vassily Nebenzia. Na mesma linha de seu par venezuelano, o representante de Moscou afirmou que a reunião “é uma ingerência nos assuntos internos da Venezuela”. Caracas firmará nesta semana com a Rússia um acordo de reestruturação de 3 bilhões de dólares (de uma dívida de 8 bilhões de dólares), enquanto tenta renegociar com a China uma dívida de 28 bilhões de dólares.
Nesta segunda-feira, a União Europeia aplicou sanções contra a Venezuela por causa das eleições estaduais que aconteceram no país no mês passado, quando dezessete dos 23 estados venezuelanos elegeram governadores ligados a Nicolás Maduro. A oposição acusou o governo de fraude e doze países pediram uma auditoria independente para apurar os resultados do pleito.
Os ministros de Relações Exteriores do bloco apoiaram a criação de uma lista de pessoas que terão os bens congelados e estarão proibidas de entrar no território europeu. Segundo os chanceleres, as medidas serão utilizadas de forma “gradual” e poderão atingir quem não respeitar os “princípios democráticos” e o “Estado de Direito”. Além disso, um embargo de armas foi imposto ao país. Caracas repudiou as medidas, as quais classificou de “ilegais, absurdas e ineficazes”.