O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alberto van Klaveren, criticou nesta segunda-feira, 30, a decisão do governo venezuelano de expulsar a equipe diplomática dos países membros do Grupo de Lima – Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai – depois que a comunidade internacional questionou a reeleição do presidente Nicolás Maduro.
Em entrevista ao braço da emissora americana CNN Español, Klaveren afirmou que a medida do governo venezuelano foi “uma decisão lamentável, verdadeiramente inédita”. De acordo com ele, a atitude revela o isolamento do regime de Maduro, além de “deixar um grande número de cidadãos venezuelanos completamente indefesos”. O diplomata também revelou que as relações entre Chile e Venezuela estavam “em bases muito baixas, sem precedentes, apenas típicas de regimes ditatoriais”
Apesar da fala do chanceler, o presidente chileno, Gabriel Boric, descartou a possibilidade de romper laços com a Venezuela, mesmo concordando o discurso de Klaveren. Em comunicado publicado nesta segunda, o mandatário sustentou que a decisão de expulsar diplomatas “demonstra uma grave e profunda intolerância à diferença, à crítica legítima, que são elementos essenciais numa democracia”.
“O Chile é um país de diálogo e sempre será um país de diálogo. Quando temos problemas ou desafios com outro país, o razoável, sob qualquer ponto de vista, é envidar todos os esforços em conjunto. Existem problemas em que, se não houver envolvimento de ambas as partes, simplesmente não podem ser resolvidos. O Chile nunca será um país propenso a romper relações diplomáticas”.
Boric destacou que os venezuelanos que vivem no Chile vão receber toda ajuda, apoio e assistência necessária. Segundo o mandatário, a comunidade internacional está “atenta ao que se passa no seu país, pressionando para que a vontade que manifestou nas urnas seja verdadeiramente respeitada”
“Acredito que isso também demonstra, infelizmente, um desprezo pelas centenas de milhares de venezuelanos que vivem atualmente no Chile”, pontuou Boric, acrescentando que as eleições deveriam ser transparentes e verificadas por observadores internacionais. “Toda a discussão de adjetivos é irrelevante quando se trata de fazer cumprir o que o Chile defende como princípio de sua política externa”, observou.
Após as eleições presidenciais de domingo 28, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor oficial da disputa com 51,2% dos votos, contra 44,2% do principal candidato da oposição, Edmundo González. No entanto, o resultado é contestado pela oposição venezuelana e pela comunidade internacional, que acusa a contagem dos votos de não ser transparente e sujeita a manipulação.