Chefe da polícia de Paris é demitido após protestos violentos
O primeiro-ministro Édouard Phelippe proibe protestos em locais afetados e aumenta multa para quem desobedecer regras de manifestação
O chefe de polícia de Paris, Michel Delpuech, foi demitido nesta segunda-feira, 18, depois de um final de semana de protestos violentos organizados pelos chamados “coletes amarelos”. O grupo que regularmente tem se manifestado na França criticando propostas de aumentos de impostos e cobrando melhoras diversas nos serviços públicos.
“Os acontecimentos em Paris no último, especialmente na Champs-Elysées, são intoleráveis e o presidente da República pediu ao governo uma resposta à altura da situação”, afirmou o primeiro-ministro Édouard Philippe, ao final de uma reunião de crise presidida por Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu.
A demissão de Delpuech, que será substituído por Didier Allement, chefe de polícia da região de Aquitaine, no sudoeste francês, faz parte de um conjunto de medidas para dar resposta aos excessos verificados nos protestos. Joalherias e lojas saqueadas, restaurantes e bancos incendiados, confrontos entre manifestantes e policiais.
Ao todo, cerca de 240 pessoas foram presas ao longo do último sábado, quando ficaram feridos 42 manifestantes, dezessete policiais e um bombeiro. Foi o 18º fim de semana seguido de protestos contra o governo de Macron no país.
O pacote anunciado por Philippe também inclui a proibição de manifestações nos locais “mais afetados”, como a Champs-Elysées, a praça Pey-Berland, em Bordeaux, e a praça do Capitólio, em Toulouse, e um aumento da multa por manifestação proibida, que passará de 38 para 135 euros (cerca de 580 reais).
O círculo próximo do presidente Emmanuel Macron avalia que o chefe de Estado está “determinado” a impedir novos atos de violência e considera que “não há diálogo possível com esse núcleo de extremistas”. As seguradores avaliaram os prejuízos de quatro meses de protestos, sem contar os deste sábado, em 170 milhões de euros (731 milhões de reais).
Pressão
Os protestos do último sábado representaram uma nova inflexão na crise política da França, depois de semanas em que as manifestações indicavam estar retraindo.
Apresentado como um “ultimato” a Macron, o 18º dia de manifestações dos “coletes amarelos” contra as políticas fiscal e social do governo francês acontece após uma série de debates na França com os quais o governo esperava canalizar a irritação dos manifestantes e fazer surgirem propostas concretas.
Críticos do governo afirmam que o presidente da França favorece os ricos em detrimento dos menos favorecidos. A popularidade de Emmanuel Macron vem caindo drasticamente desde sua eleição em 2017, embora tenha apresentado recuperação nos últimos meses.