Chefe da Otan rebate Trump e cita perigos de EUA abandonarem aliança
Republicano disse que, se voltar à Casa Branca, não cumprirá cláusula de defesa coletiva
O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, criticou no domingo, 11, “quaisquer sugestões” de que países de dentro da principal aliança militar ocidental não se defenderiam em caso de ataque, após o ex-presidente americano Donald Trump afirmar que não cumpriria a cláusula de defesa coletiva, fundamento central do grupo, caso volte à Casa Branca.
A mensagem de Stoltenberg segue a fala de Trump durante evento de campanha no sábado de que encorajaria a Rússia a fazer “o que quiser” com qualquer país da Otan que não cumprir as diretrizes de gastos e que não daria a proteção dos EUA.
A Otan tem como meta que cada país membro gaste um mínimo de 2% do PIB na Defesa, mas maioria dos países não atinge essa porcentagem, embora não seja um item vinculativo. Em 2022, sete países dos 31 países membros atingiram a meta, contra três em 2014.
Em comunicado, o chefe da aliança afirmou que tais comentários colocam soldados europeus e americanos em um risco ainda maior, visto que “qualquer sugestão de que os aliados não se defenderão mutuamente mina toda a nossa segurança”.
“Espero que, independentemente de quem ganhe as eleições presidenciais, os EUA continuem a ser um aliado forte e empenhado da Otan”, disse.
A mensagem foi ecoada nesta segunda-feira, 12, por outros líderes de países membros da aliança. Durante viagem a Paris, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que não há alternativa à parceria entre a Europa, a Otan e os Estados Unidos para enfrentar os crescentes riscos de segurança.
“Não há alternativa à UE, à NATO e à cooperação transatlântica. A Europa deve tornar-se um continente seguro, e isso significa que a União Europeia, a França e a Polônia devem tornar-se fortes e prontas para defender as suas próprias fronteiras e para defender e apoiar os nossos aliados e amigos de fora da União”, disse Tusk numa declaração conjunta com o presidente francês, Emmanuel Macron.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também respondeu aos comentários e disse que mostram, mais uma vez, a necessidade de manter a aliança forte.
“Declarações imprudentes sobre a segurança da NATO e a solidariedade do Artigo 5 servem apenas o interesse de Putin. Eles não trazem mais segurança ou paz ao mundo”, disse Michel em postagem no X, antigo Twitter, em referência à cláusula de defesa coletiva.
A invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, levou a Suécia e a Finlândia a pedirem adesão à Otan e ao sistema de proteção coletiva. Enquanto a Finlândia conseguiu entrar em abril de 2023, duplicando a fronteira da aliança com a Rússia, a Suécia enfrentou atrasados no processo, sobretudo por rixas com a Turquia, mas têm avançado em direção à adesão completa.