Centenas de migrantes tentam forçar entrada nos EUA pela fronteira
Alguns migrantes relataram, uso de spray de pimenta contra as pessoas que estavam no local, incluindo crianças pequenas.
Autoridades dos Estados Unidos impediram a entrada de centenas de imigrantes vindos da cidade de Ciudad Juarez, no México, neste domingo, 12. Impulsionada por problemas políticos e econômicos nos seus países de origem, a procura por melhores condições de vida é um dos principais motivos que levam migrantes a procurar asilo.
Ao tentar atravessar o território à força, a multidão foi recebida por uma barreira de forças policiais norte-americanas. Alguns migrantes relataram, uso de spray de pimenta contra as pessoas que estavam no local, incluindo crianças pequenas.
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Com a resistência policial, o grupo, de maioria venezuelana, foi dispersado e continuou a ser monitorado por funcionários do setor de imigração dos EUA. Em entrevista concedida à Reuters, Camila Paz, uma jovem venezuelana que integrava o grupo, disse que a entrada no território americano era essencial “para que eu possa ter um futuro e ajudar minha família”.
A crise migratória tem sido um imenso problema para o governo do democrata Joe Biden. De acordo com dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, cerca de 2,76 milhões de pessoas entraram ilegalmente no país em 2022.
Em meio às críticas, o governo anunciou no final de fevereiro uma nova proposta para lidar com imigrantes que chegam via fronteira com o México, em um plano que ecoa os adotados pelo ex-presidente Donald Trump.
Sob as novas regras, os Estados Unidos poderão negar asilo a imigrantes que não tentaram buscar proteção em outro país pelo qual passaram na jornada até a fronteira sul, semelhante a uma medida de 2019 do governo Trump – que nunca entrou em vigor, porque foi bloqueada por um tribunal. Assim, é quase certo que a mudança do governo atual enfrentará desafios legais.
A regulamentação estabelece uma “presunção refutável de inelegibilidade para asilo”, de acordo com um aviso no Registro Federal. Ou seja, embora não chegue a uma proibição total, a medida impõe severas limitações para pessoas de qualquer nacionalidade (exceto mexicanos, que não precisam viajar por um terceiro país para chegar aos Estados Unidos).
Biden, um democrata que assumiu o cargo em 2021 e deve buscar a reeleição em 2024, inicialmente prometeu ampliar o acesso ao asilo, que foi amplamente restringido por seu antecessor republicano. No entanto, ele vem sofrendo críticas por alas mais progressistas do partido por adotar medidas ao estilo de Trump, enquanto luta para lidar com o número recorde de imigrantes que entram no país.
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Como as restrições de asilo no país da era da pandemia, conhecidas como Título 42, devem expirar em 11 de maio, quando o estado de emergência de saúde pública da Covid-19 terminar, o governo começou a discutir regras mais rígidas desde o ano passado, para tentar reduzir as travessias ilegais.
Os departamentos de Segurança Interna e Justiça argumentaram que o aumento do número de imigrantes os deixou com pouca escolha. Segundo o governo, travessias ilegais devem subir para entre 11 mil e 13 mil por dia se nenhuma ação for tomada após o fim do Título 42 – um número ainda maior do que as já impressionantes 8.600 travessias diárias em meados de dezembro.
Em janeiro, Biden chegou a expandir o Título 42 para expulsar nacionalidades adicionais, permitindo que algumas pessoas desses países solicitassem entrada legal por meio da chamada “liberdade condicional humanitária”, caso tivessem patrocinadores, ou uma espécie de garantia, nos Estados Unidos.