Horas após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiar novas eleições na Venezuela, em meio ao impasse causado pela proclamação da vitória do presidente Nicolás Maduro, a Casa Banca voltou atrás e disse que o democrata não deseja que o pleito seja repetido e apenas falava “sobre o absurdo de Maduro e seus representantes não terem se revelado honestos sobre as eleições de 28 de julho”.
“Está abundantemente claro para a maioria do povo venezuelano, os Estados Unidos e um número crescente de países que Edmundo González Urrutia (candidato da oposição) ganhou a maioria dos votos em 28 de julho”, explicou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby. “Os Estados Unidos novamente pedem que a vontade do povo venezuelano seja respeitada e que as discussões comecem sobre uma transição de volta às normas democráticas”.
Mais cedo, questionado por um repórter se apoiava “novas eleições na Venezuela”, Biden respondeu: “sim”. Esta foi primeira vez que o mandatário americano se manifestou sobre a crise política no país – até então, só o Departamento de Estado e seus assessores haviam se pronunciado. Pouco antes, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, havia afirmado que o órgão eleitoral venezuelano havia ficado “aquém de tomar medidas básicas de transparência e integridade e não seguiu disposições legais e regulatórias”.
Na madrugada de 29 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país anunciou a vitória de Maduro, mas até agora não apresentou os dados detalhados por mesa de votação. A oposição denunciou fraudes e afirmou estar em posse de 80% das atas, que comprovariam a vitória de González. O governo nega as irregularidades e classifica as provas como falsas. Segundo o CNE, Maduro foi eleito com 51,2% dos votos, enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, ficou com 44%. Já a contagem paralela, apresentada pela oposição, aponta González como vencedor do pleito, com 67% dos votos.
Logo após o pleito, o governo brasileiro disse à Venezuela que não reconhecerá a reeleição de Maduro sem que as atas de todas as urnas sejam publicadas, tentando junto de Colômbia e México a abertura de diálogo entre o governo e a posição.
Posicionamento de Lula e Petro
Além do democrata, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente colombiano, Gustavo Petro, sugeriram que, novamente, os venezuelanos se dirigissem às urnas. Em entrevista à Rádio T, de Curitiba, nesta quinta-feira, o petista também pressionou Maduro a prestar elucidações sobre o triunfo, declarado pelo Conselho Nacional Eleitoral.
“Se ele (Maduro) tiver bom senso, poderia fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições e estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê nacional que participe todo mundo e deixe entrar olheiros do mundo inteiro”, disse Lula.
Petro, por sua vez, apelou para “suspensão de todas as sanções contra a Venezuela”, “anistia geral nacional e internacional”, “garantias totais para a ação política”, “governo de coabitação transitório” e “novas eleições livres” em publicação no X, antigo Twitter. Ele também defendeu que “uma solução política para a Venezuela que traga paz e prosperidade ao seu povo depende de Nicolás Maduro.”
Em contrapartida, a líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, rejeitou os palpites no futuro político de Caracas e questionou: “Vai-se para uma segunda eleição e, se não gostarem dos resultados, vamos para uma terceira, uma quarta e uma quinta, até que os resultados agradem a Maduro? Aceitariam isso em seus países?”.