Capital da Virgínia, nos EUA, remove último monumento confederado
Em coincidência simbólica, monumento de general a favor da escravidão foi retirado por empresa comandada por negros

Em uma coincidência simbólica, uma empresa de construção comandada por negros desmontou e removeu nesta segunda-feira, 12, a última estátua pública de um confederado em Richmond, na Virgínia, cidade que serviu como capital da Confederação durante a Guerra Civil americana.
O memorial a Ambrose Powell Hill, um general confederado morto durante batalha dias antes do fim da guerra, em abril de 1865, foi retirado aos olhares de uma pequena multidão, que em certo momento chegou a esboçar aplausos.

A decisão a favor da remoção foi tomada por Levar Stoney, prefeito da cidade, na esteira de protestos por justiça racial que tomaram o país após o assassinato de George Floyd, um homem negro morto pela polícia em Minneapolis, Minnesota. As estátuas começaram a ser removidas em fevereiro deste ano na cidade.
“Isso é algo que começou há dois anos, quando procuramos virar a página de nossa história confederada e começar a escrever um novo capítulo”, disse Stoney a repórteres, afirmando que monumentos que contam uma falsa narrativa da história americana precisam ser removidos, e alvo de debates.
“Há mais de dois anos, Richmond abrigava mais estátuas confederadas do que qualquer cidade dos Estados Unidos”, escreveu o prefeito no Twitter. “Coletivamente, fechamos esse capítulo.”
Over two years ago, Richmond was home to more confederate statues than any city in the United States. Collectively, we have closed that chapter.
We now continue the work of being a more inclusive and welcoming place where ALL belong. pic.twitter.com/3DHUSUg2Ea
— Levar Stoney (@LevarStoney) December 12, 2022
Mais de dez outros monumentos similares já foram retirados. Muitos dos generais homenageados eram proprietários de escravos e lutaram na Guerra Civil Americana (1861-1865) pois queriam manter a escravidão dos negros no país.
No entanto, ainda existem centenas de estátuas que enaltecem os símbolos racistas em todo os Estados Unidos. Os esforços para removê-las muitas vezes têm provocado reações violentas. Em agosto de 2017, por exemplo, grupos supremacistas brancos e neonazistas se reuniram em Charlottesville, na Virgínia, para resistir aos protestos que pediam a remoção de uma estátua do general confederado e proprietário de escravos Robert E Lee.