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Campanha joga luz sobre intolerância no Dia de Memória do Holocausto

De 2018 a 2020, número de casos que faziam apologia ao nazismo saíram de menos de 20 para mais de 100

Por Mafe Firpo
Atualizado em 27 jan 2023, 11h18 - Publicado em 27 jan 2023, 11h17

No Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, comemorado no dia 27 de janeiro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Museu do Holocausto de Curitiba vão estreiar a campanha “Contar para Viver, Viver para Contar”. No evento, serão exibidos três filmes que contam o relato de três sobreviventes do Holocausto: Ruth Sprung Tarasantchi, Gabriel Waldman e Joshua Strul.

A solenidade também vai contar com declarações de brasileiros que são vítimas de violência e intolerância, com objetivo de despertar o engajamento da sociedade para para que as histórias contadas por sobreviventes não sejam esquecidas. De acordo com um estudo da UNESCO junto ao Congresso Judaico Mundial, 49% das publicações sobre o Holocausto no aplicativo Telegram negam ou distorcem fatos históricos por conta do negacionismo. 

Os filmes contam com a direção do autor e produtor cinematográfico, Cao Hamburguer. Atualmente, a média de idade dos sobreviventes ainda vivos do Holocausto é de 84 anos, fato que inspirou Hamburguer a contar suas histórias. 

+ Comunidade judaica homenageia vítimas do Holocausto em novo memorial no RJ

“A lembrança dolorosa que eu passei fome tremenda. Todo mundo sabe que a pior coisa que se tem na vida é não ter o que pôr na boca”, relembrou Strul, de 89 anos, no podcast “Inteligência LTDA”. 

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Strul foi obrigado a viver em um gueto para judeus na Romênia, onde morava em uma barraca coberta de folhas. Ele contou que na única vez que tentou sair da cidade, foi espancado porque carregava a Estrela de David no peito.

Ruth, outra sobrevivente do Holocausto, contou que foi obrigada a fugir de sua terra natal, na antiga Iugoslávia, para morar na Itália, onde sofreu preconceito e escapou da morte quando um trem em que estava foi metralhado e a levou para um campo de concentração do totalitário Benito Mussolini. Já Waldman relembrou que percebeu o ódio pelos judeus, , que foram assassinados e excluídos da sociedade, desde os seis anos. 

+ ‘Não havia amanhã. Mas fugi para o Brasil’, diz sobrevivente do Holocausto

Uma pesquisa feita pelo Safernet apontou que os crimes de ódio cresceram em 67% no começo de 2022. Em 2021, as denúncias de intolerância religiosa feitas ao então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) aumentaram em 141% no Brasil.

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Além disso, entre 2018 a 2020, o número de casos de apologia ao nazismo registrados pela Polícia Federal saltou de menos de 20 para mais de 100. A quantidade de células nazistas também teve um pico de crescimento e, recentemente, atingiu seu maior número, com 1117 grupos monitorados. 

Vítimas dessas intolerâncias estão por todo Brasil. Segundo a indígena e nordestina de 19 anos Naiá Tupinambá, ela já foi atacada verbalmente diversas vezes. Filha de uma indígena com um negro, a jovem foi classificada como parda no registro de nascimento. 

Quando se mudou para São Paulo, para estudar, costumava escutar que ela era “baiana”, um adjetivo pejorativo que, segundo ela, pretendia taxá-la de “brega”, e diziam que precisava melhorar seu “sotaque”. Por conta dos constantes ataques xenofóbicos, Naiá passou a faltar a escola, ter crises de ansiedade e escondeu por anos sua ancestralidade. 

Já o morador de Curitiba de 55 anos, Odivaldo da Silva, foi confundido com um morador de rua enquanto voltava do trabalho, apenas por ser negro. Um homem o abordou e começou a agredi-lo verbalmente e fisicamente, afirmando que ele deveria “morrer”. Depois desse episódio racista, o curitibano precisou passar por cirurgias e até hoje tem marcas no rosto.

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