A Câmara dos Deputados do Paraguai decidiu, nesta terça-feira 20, arquivar os pedidos de impeachment protocolados pela oposição contra o presidente do país, Mario Abdo Benítez, e seu vice, Hugo Velázquez, pelo acordo firmado com o Brasil para a compra de energia da usina de Itaipu.
Em uma sessão extraordinária, 43 deputados votaram pelo arquivamento dos processos. Outros 36 apoiaram a sequência dos pedidos de impeachment apresentados no último dia 6 de agosto pelo Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), o principal da oposição a Abdo Benítez, após um debate de quase cinco horas de duração.
Para que o impeachment avançasse, a oposição precisava de 53 votos dos 80 deputados.
O resultado já era esperado. Abdo Benítez conseguiu o apoio de dissidentes do Partido Colorado, liderados pelo ex-presidente Horacio Cartes, para blindá-lo da ação da oposição, que acusa o governo de traição por considerar o acordo lesivo aos interesses do país.
Sem os votos do Honor Colorado, a dissidência do Partido Colorado comandada por Cartes, a oposição não tinha os votos necessários para fazer os processos de impeachment contra Abdo Benítez e Velázquez avançarem ao Senado.
“Eles podem ter os números, mas não têm razão e os cidadãos vão estar atentos a isso”, afirmou o deputado Edgar Acosta, um dos integrantes do PLRA.
Já o deputado Ramón Romero Roa, correligionário de Abdo Benítez, destacou que ser contrário ao pedido de impeachment não é compactuar com a impunidade.
Com o arquivamento do processo, Abdo Benítez abafa a maior crise de seu governo desde que assumiu o poder no ano passado. O escândalo começou no dia 24 de julho, quando o conteúdo do acordo assinado com o Brasil em maio foi relevado.
Desde então, Abdo Benítez tomou uma série de medidas para diminuir a pressão sobre o governo. Além de aceitar a renúncia de cinco figuras do alto escalão envolvidas nas negociações, o presidente paraguaio conseguiu, com o aval do Brasil, a anulação do acordo.
A sessão desta terça-feira na Câmara dos Deputados foi marcada pelos protestos de opositores do lado de fora da sede do Legislativo, apesar do forte esquema de segurança montado para a votação.