British Museum sofre pressão para devolver estátua ‘saqueada’ do Chile
Campanha nas redes sociais pede a repatriação de monumento que foi retirado da Ilha de Páscoa em 1868
O British Museum, em Londres, tornou-se alvo de mais uma campanha para restituir grandes obras aos seus países de origem. Após anos de polêmicas que envolveram a Pedra de Roseta, do Egito, e os mármores do Partenon, da Grécia, o que está em foco agora é um moai de 2,5 metros de altura, uma das grandes estátuas de pedra que representam rostos humanos e ornam a Ilha de Páscoa, no Chile, desde que foram construídas pelo povo rapanui, entre 1250 e 1500. Um influenciador do TikTok, Mike Milfort, iniciou nesta segunda-feira, 19, uma campanha pela devolução do artefato, retirado do território chileno sem permissão em 1968, que viralizou.
O exército de 7,5 milhões seguidores de Milfort, motivados por suas postagens críticas ao British Museum, se puseram a escrever centenas de comentários nas redes sociais da instituição pedindo a repatriação do monumento.
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Até o presidente do Chile, Gabriel Boric, demonstrou apoio ao movimento durante entrevista à rádio chilena Chiloé. “Os ingleses deveriam nos devolver os moais”, conclamou o barbudo e hipster líder do país.
Posicionamento do British
Embora tenha afirmado acolher o debate, o museu desativou os comentários de uma postagem no Instagram feita em conjunto com o programa de extensão juvenil da instituição.
“Acolhemos com satisfação o debate, mas este tem de ser equilibrado, com a necessidade de considerações de salvaguarda, especialmente no que diz respeito aos jovens”, disse um porta-voz do museu, segundo comunicado publicado pela emissora americana CNN.
O que são os moais
As estruturas em forma de cabeça humana são originárias da ilha de Rapa Nui, localizada a cerca de 3.700 km da costa chilena, no Oceano Pacífico. Acredita-se que existam 887 estátuas gigantescas espalhadas pelo local. O povo rapanui construía monumentos como forma de homenagear seus ancestrais e acreditava que seus espíritos reencarnavam nas obras.
O moai localizado em Londres, assim como um segundo, de tamanho menor, conhecido como Hava, foram dados de presente à rainha Vitória em 1969. Pouco depois, foram doados ao museu.
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Repatriações
O movimento pela devolução do moai faz parte de um projeto global que defende a repatriação de obras “saqueadas”, ou retiradas sem permissão, de certos países — via de regra colônias — por exploradores, arqueólogos, curadores e até criminosos.
Na França, a discussão ganhou força em 2017, quando o presidente Emmanuel Macron anunciou a encomenda de um estudo de avaliação da viabilidade de devolução dos artefatos obtidos durante o período de colonização da África. Já nos Estados Unidos, o Metropolitan Museum of Art, o Met, anunciou em 2020 que devolverá 16 obras de arte saqueadas ao Camboja e à Tailândia.