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Brics: Putin se reúne com Dilma e defende comércio com moedas nacionais

Às margens de cúpula na Rússia, chefe do Kremlin argumenta que medida aumenta independência financeira dos países do grupo

Por Da Redação Atualizado em 22 out 2024, 18h07 - Publicado em 22 out 2024, 12h24
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  • Em reunião com a ex-presidente Dilma Rousseff, atual chefe do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o líder da Rússia, Vladimir Putin, defendeu nesta terça-feira, 22, o uso de moedas nacionais em vez do dólar para transações comerciais entre países, argumentando que isso aumentaria a independência financeira dos países-membros do Brics. O encontro ocorreu às margens da cúpula do grupo, na cidade russa de Kazan.

    “O crescimento dos pagamentos em moedas locais permite reduzir a taxa de serviço da dívida, aumentar a independência financeira dos países membros do Brics e também mitigar os riscos geopolíticos na maior extensão possível e, tanto quanto possível no mundo atual, separar o desenvolvimento econômico da política”, disse Putin. 

    Dilma Rousseff se mostrou favorável à ideia, afirmando que a expansão do Brics e o foco em projetos no Sul Global é a prioridade do NDB.

    “No momento, os países do Sul Global têm uma grande necessidade de financiamento, mas as condições para obtê-lo são muito complicadas”, disse ela. 

    Putin também lembrou que o Banco do Brics financiou mais de 100 projetos em um total de US$ 33 bilhões (R$ 187,75 bilhões) desde 2018, descrevendo a instituição como “financeiramente boa e promissora” durante a Cúpula do Brics em Kazan, que teve início nesta terça-feira.

    “Como país que preside o Brics este ano, estamos ansiosos pela sua participação proativa na reunião de líderes na Cúpula do Brics em Kazan”, disse o presidente russo, acrescentando que Dilma deve se reunir com líderes estrangeiros participantes do Brics e fazer um relatório sobre as operações do NBD.

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    Sanções à Rússia

    A Rússia se tornou alvo de diversas sanções ocidentais, principalmente financeiras, desde que iniciou a invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022.

    O presidente russo defende frequentemente o uso de moedas locais no comércio exterior, alegando que o dólar, moeda considerada “tóxica” por Moscou, é utilizado como instrumento político. A ideia seria estabelecer um sistema de pagamentos internacional capaz de competir com o Swift (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), do qual a maioria dos bancos russos foi excluída.

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    O banco do Brics surgiu como uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, instituições controladas pelos países ocidentais.

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    Cúpula do Brics

    Putin se reunirá com cerca de 20 líderes estrangeiros na cúpula de três dias do Brics, que teve início nesta terça-feira, 22, numa tentativa de mostrar que não está sozinho, apesar do isolamento político que o Ocidente impôs ao seu país em meio à guerra na Ucrânia.

    O chefe do Kremlin afirmou nesta terça que “o Brics não se opõe a ninguém”. “Esta é uma associação de Estados que trabalham juntos com base em valores comuns, uma visão comum de desenvolvimento e, mais importante, o princípio de levar em consideração os interesses uns dos outros”, declarou.

    O tema da 16ª Cúpula do Brics é “fortalecimento do multilateralismo para um desenvolvimento e segurança globais justos”. O Kremlin declarou que os líderes do grupo trocarão opiniões sobre “questões urgentes na agenda global e regional”, assim como sobre “os três principais pilares de cooperação identificados pela presidência russa: política e segurança, economia e finanças, e laços culturais e humanitários”.

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    O assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, disse que 36 países confirmaram a participação na cúpula e que o presidente russo deve realizar cerca de 20 reuniões bilaterais com chefes de Estado. Segundo ele, a cúpula pode se tornar “o maior evento de política externa já realizado” em solo russo.

    A guerra na Ucrânia, no entanto, não está em pauta, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao jornal Izvestia, alegando que os participantes poderiam “levantar essa questão a seu critério”. Quando questionado por repórteres sobre as perspectivas de um cessar-fogo, o presidente russo respondeu que Moscou não colocará em negociação o controle das quatro regiões anexadas do leste da Ucrânia, que, segundo ele, agora fazem parte do território russo.

    Esta é a primeira cúpula do grupo desde sua expansão, em 2023, e o maior encontro internacional organizado por Putin desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia se juntaram a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul no início deste ano.

    “O que estamos assistindo no Brics é a uma visão geopolítica da China e da Rússia de transformar o bloco em um contraponto ao G7, e nitidamente uma tentativa de utilizar essas potências emergentes e países que são contra a ordem liberal internacional para tentar subverter, no médio prazo, o que está acontecendo no mundo, a atual ordem que foi implementada no pós-1945”, diz a VEJA o economista e cientista político Igor Lucena, CEO da Amero Consulting.

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    O Brics representa 45% da população mundial e 35% de sua economia, com base na paridade do poder de compra (PPI), sendo a China responsável por mais da metade de seu poder econômico.

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