O assunto refugiados divide opiniões. Donald Trump, quando era presidente dos Estados Unidos, enrijeceu ainda mais a política de refúgio americana. No Reino Unido, foi um ponto decisivo para a maior parte dos britânicos votar para deixar a União Europeia. Por aqui, a percepção da maioria dos brasileiros é diferente. Um novo relatório do Instituto Ipsos, publicado nesta sexta-feira, 17, revela que 86% dos brasileiros concordam que as pessoas podem se refugiar em outros países ou no seu próprio.
Os números. apresentados pouco antes do Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho, colocam o Brasil atrás apenas da Suécia, com 88%, que liderada o ranking de 28 países, e acima da média global, de 78%.
De acordo com a pesquisa, a maioria dos brasileiros também acha que o governo do Brasil tem que atuar na causa dos refugiados. Cerca de 73% dos entrevistados afirmaram que o governo brasileiro deve manter ou aumentar os gastos com apoio, enquanto a média global ficou em 57%.
Quando perguntados se as fronteiras deveriam ser completamente fechadas, o Brasil ficou no último lugar da lista, com apenas 17% respondendo que sim. Também ficou na última posição quando os entrevistados foram questionados se os refugiados pretendem apenas se aproveitar de políticas de bem-estar ou da situação econômica no país.
A pesquisa revela também que o apoio dos brasileiros aos refugiados aumentou nos últimos anos. Em 2019, cerca de 61% dos brasileiros defendiam pessoas que solicitavam refúgio. Em 2020, primeiro ano pandêmico, o índice saltou para 77% e foi a 78% no ano seguinte.
Os dados desse ano podem estar relacionados com o conflito na Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro e que já fez com que mais de 6 milhões de pessoas deixassem o país.
A porcentagem de apoio dos brasileiros aos refugiados muda um pouco de acordo com o que levou cada um a deixar seu país de origem. Quando o motivo do refúgio é guerra ou conflito, 75% dos brasileiros defendem o direito. Se o motivo for escapar de desastres naturais ou mudanças climáticas, passa para 72%. Quando aborda as motivações por raça, etnia ou nacionalidade, o índice de aceitação ficou em 66%. Se a motivação for religiosa, 65%, e se for por causa de orientação sexual ou de identidade de gênero 62%. Quando questionados sobre questões de gênero e opinião política, o índice ficou em 60%.
A Ipsos entrevistou 20.505 pessoas entre 22 de abril e 6 de maio de 2022. Além do Brasil, integram a pesquisa: Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, China, Colômbia, Singapura, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Holanda, Peru, Polônia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Estados Unidos.