No início de fevereiro, às vésperas de uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao líder dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington, o brasileiro cedeu à pressão dos americanos e recusou um pedido do Irã para que dois de seus navios de guerra atracassem no Rio de Janeiro. Um mês depois, e também passada a viagem a Washington, Lula voltou atrás e deu permissão aos navios iranianos. As embarcações estão estacionadas no Rio desde domingo 26.
A autoridade portuária do Rio de Janeiro disse, em comunicado divulgado na segunda-feira 27, que os navios de guerra IRIS Makran e IRIS Dena chegaram na manhã de domingo. O vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, subchefe do Estado-Maior da Marinha do Brasil, autorizou a atracação dos navios no Rio entre 26 de fevereiro e 4 de março, segundo nota de 23 de fevereiro no Diário Oficial.
A Marinha do Brasil pode autorizar uma embarcação estrangeira a atracar no país somente após autorização do Itamaraty, que leva em consideração o pedido e a logística da embaixada solicitante.
A presença dos navios de guerra iranianos na costa brasileira continua a incomodar os Estados Unidos, que buscam estreitar os laços com o novo governo Lula.
Em uma coletiva de imprensa em 15 de fevereiro, a embaixadora dos Estados Unidos, Elizabeth Bagley, pediu ao Brasil que não permitisse que os navios atracassem.
“No passado, esses navios facilitavam o comércio ilegal e atividades terroristas, e também foram sancionados pelos Estados Unidos. O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum”, disse.
A diplomacia com o Irã foi um dos destaques dos governos Lula nos anos 2000, na tentativa de fortalecer a posição internacional do Brasil durante seus dois primeiros mandatos presidenciais. Ele viajou para Teerã para se encontrar com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2010, em busca de intermediar um acordo nuclear entre o Irã e os Estados Unidos.