O Exército brasileiro concluiu o envio de 28 veículos blindados para reforçar a segurança na tríplice fronteira com Venezuela e Guiana, informou o Centro de Comunicação Social do Exército em nota enviada no domingo 4.
“A chegada dos blindados é resultado do planejamento voltado para reforçar e priorizar a Amazônia”, diz o documento. “A presença significativa de meios blindados destaca a importância de ter tropas de alta mobilidade e poder de fogo, prontas para atuar”.
O envio dos veículos se dá em meio à escalada de tensões entre Venezuela e Guiana por conta da região de Essequibo, que corresponde a cerca de 70% da costa da Guiana, mas a Venezuela alega ser a proprietária legítima da área. Em disputa há mais de um século, a região pertence oficialmente à Guiana desde 1899, mas o líder venezuelano, Nicolás Maduro, propôs um referendo que reacendeu o debate. Em 4 de dezembro, 95,9% dos eleitores venezuelanos aceitaram incorporar o território ao mapa do país.
Estima-se que, por lá, existam reservas de 11 bilhões de barris. A maior parte estaria offshore, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
Logo após o referendo e o anúncio de Caracas de que enviaria militares à região, o Brasil não hesitou em atuar como mediador de uma reunião entre Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, para tratar da disputa. Apesar de o encontro não ter rendido frutos significativos, ambas as partes prometeram “continuar o diálogo” e evitar que a situação tome proporções bélicas.
O trabalho do Itamaraty, porém, ainda está longe do fim. Segundo o documento resultante da reunião entre Maduro e Ali, representantes da Guiana e da Venezuela devem voltar a se encontrar, agora no Brasil, dentro de três meses, para uma segunda rodada de diálogos sobre Essequibo.
Por enquanto, ainda de acordo com a declaração conjunta, Guiana e Venezuela se comprometem a não ameaçar nem usar a força “um contra o outro em quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de controvérsias existentes entre os dois Estados”. O documento afirma ainda que os países devem resolver disputas de acordo com o direito internacional.