Boric defende ação conjunta da América Latina em caso de golpe no Brasil
Em entrevista à Time, presidente chileno disse que os governos precisam agir em conjunto para impedir um golpe semelhante ao ocorrido na Bolívia em 2019
O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse nesta quarta-feira, 31, em entrevista à revista Time, que a América Latina “tem que reagir em conjunto” para impedir um possível golpe de estado de Jair Bolsonaro.
“Foi muito emocionante ver a carta de São Paulo, que leva um milhão de assinaturas em favor da democracia, com a transversalidade dos signatários. Foi um sinal potente da sociedade brasileira”, disse ele, em referência ao manifesto lido no Largo São Francisco, sede da Faculdade de Direito da USP.
Capa da mais nova edição da revista e definido como “a jovem guarda” por ser o presidente mais novo da história do Chile, Boric foi questionado sobre o que faria para apoiar os brasileiros caso Bolsonaro não aceite o resultado das próximas eleições.
Em resposta, o líder de esquerda fez uma referência à situação vivida pela Bolívia em 2019, quando Jeanine Áñez chegou ao poder após uma manobra constitucional para obrigar o então presidente, Evo Morales, a renunciar.
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Boric assumiu a presidência em março e se tornou alvo de Bolsonaro no último domingo 28. Ao final do debate presidencial, o brasileiro criticou uma série de líderes de esquerda na América Latina e disse que o chileno apoiado por Lula “queimou metrôs” em protestos, algo que não aconteceu.
A fala irritou a chancelaria do Chile, que convocou o embaixador brasileiro em Santiago para uma reunião na última segunda-feira 29.
“Em nome do governo do Chile, quero fazer uma declaração sobre as afirmações que o presidente Jair Bolsonaro do Brasil fez ontem em um debate eleitoral em que acusou diretamente o presidente Gabriel Boric de ter posto fogo no metrô. Como governo, nos parece que essas declarações são gravíssimas, obviamente são absolutamente falsas. Lamentamos que tirem proveito do contexto eleitoral para polarizarem as relações bilaterais através da desinformação e das notícias falsas”, declarou Urrejola.
Boric começou sua carreira política ainda quando era estudante, tendo participado dos protestos de 2011 pela gratuidade do sistema de ensino superior. Três anos depois, ele foi eleito deputado pela primeira vez e seguiu no cargo até este ano, quando se tornou presidente do país.