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Bolsonaro vai a reunião sobre empoderamento da mulher no G20

Conhecido por suas frases machistas, presidente pediu desculpas à deputada petista Maria do Rosário por ordem da Justiça

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 25 jun 2019, 21h18 - Publicado em 25 jun 2019, 21h16

Dezesseis dias depois de ter cumprido ordem judicial de pagar indenização e pedir desculpas à deputada Maria do Rosário (PT-RS), por ofendê-la gravemente, o presidente Jair Bolsonaro participará de reunião paralela do G20 sobre o “empoderamento da mulher”. O encontro se dará no sábado 29, em Osaka, durante o encontro dos líderes das 20 maiores economias do mundo.

A presença de Bolsonaro nesse evento, especificamente, surpreende por causa da série de declarações polêmicas do presidente sobre e para mulheres. No último dia 13, o presidente cumpriu determinação da juíza Tatiana Dias da Silva Medina, da 18ª Vara Cível de Brasília, e pediu desculpas a Maria Rosário por ter dito aos gritos, em 2014, que não “estupraria” a petista gaúcha porque ela não merecia. Ação ação aberta por Maria do Rosário é um exemplo notório de empoderamento da mulher.

“Ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria (…) Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”, afirmou o então deputado federal no Congresso Nacional.

Em nota de retratação, o presidente garantiu o seu “respeito às mulheres”. Pelo Twitter, Bolsonaro escreveu:

“Venho pedir publicamente desculpas pelas minhas falas passadas dirigidas à deputada federal Maria do Rosário Nunes. Naquele episódio, no calor do momento, em embate ideológico entre parlamentares, especificamente no que se refere à política de direitos humanos, relembrei fato ocorrido em 2003, em que, após ser injustamente ofendido pela congressista em questão, que me insultava, chamando-me de estuprador, retruquei afirmando que ela ‘não merecia ser estuprada’.”

Se o episódio histórico com Maria do Rosário aparentemente foram superados – não esquecidos, porém – alguns tropeços do presidente ainda estão engasgados entre as brasileiras, feministas ou não. Em março passado, ao relatar seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, o próprio Bolsonaro mencionou a frase machista que dissera ao americano.

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“Eu o chamei de jovem e pedi à tradutora para explicar o porquê”, contou. “Porque nós temos a idade da mulher que amamos”, repetiu Bolsonaro, rindo, como se tivesse dito uma piada.

A primeira-dama brasileira, Michelle Bolsonaro, tem 38 anos e o presidente, 63. Já Trump, de 72 anos, é atualmente casado com Melania, de 48 anos.

Bolsonaro disparou frases notoriamente machistas ao longo de sua carreira política e, talvez, tenha recebido votos também por causa delas. Em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora, citou o direito à licença maternidade como um exemplo da “desgraça de ser patrão no nosso país”.

“Quando voltar da licença maternidade, vai ter mais um mês de férias. Então, no ano, ela vai trabalhar cinco meses. Quem vai pagar a conta? É o empregador”, afirmara.

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Dois anos depois, em um programa da RedeTV, ele declarou que “não empregaria com o mesmo salário” homens e mulheres, apesar de haver várias competentes. Em 2017, voltou a escorregar ao tratar de sua própria filha em uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro. “Foram quatro homens. A quinta, eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher”.

Maria da Penha

O Palácio do Planalto não adiantou a contribuição do presidente Bolsonaro no encontro paralelo do G20 sobre o empoderamento da mulher. Seu artigo para a revista G20 Japan: The 2019 Osaka Summit, editada pelo governo do Japão, o brasileiro não menciona o tema.

O presidente certamente não poderá se escudar na presença feminina substancial no seu gabinete,  que não existe. Dentre seus 22 ministros, há apenas duas mulheres: Damares Alves, ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, e Tereza Cristina, da Agricultura.

Poderá apresentar sua decisão de sancionar alterações na  Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), de 7 de agosto de 2006, que facilitam a proteção com urgência para mulheres ou seus dependentes em situação de violência doméstica e familiar. A mudança tornou-se lei no último dia 14 e também foi assinada por Damares Alves. Mas partiu de um projeto da socialista Leila Barros (PSB-DF).

 

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