Bolsonaro pede para prolongar visto nos EUA por mais 6 meses
No sábado, o filho primogênito do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que não há data certa para que o pai retorne ao Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro deu entrada em um pedido nos Estados Unidos para estender seu visto de turismo por seis meses e poderia “eventualmente decidir pedir um visto mais permanente” para seguir na Flórida, disse nesta segunda-feira, 30, um de seus advogados ao jornal britânico Financial Times.
“Eu acho que a Flórida será sua casa longe de casa” disse o advogado Felipe Alexandre ao jornal britânico. “Agora, com essa situação, acho que ele precisa de um pouco de estabilidade”. O pedido de visto foi entregue na última sexta-feira e Alexandre teria aconselhado o ex-presidente a não deixar os Estados Unidos enquanto está em processamento, um período que pode durar meses.
No sábado, o filho primogênito do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que não há data certa para que o pai retorne ao país. “Não tem previsão (de volta ao Brasil). Ele que sabe, pode ser amanhã, pode ser daqui a uns seis meses, pode não voltar nunca. Não sei. Ele está desopilando. Você nunca tirou umas férias não?”, disse.
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Bolsonaro chegou em Orlando, no estado americano da Flórida, em 30 de dezembro, após deixar o Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira, ainda como presidente do Brasil. O visto de chefe de Estado usado por Bolsonaro, no entanto, deixa de valer quando a pessoa perde o cargo e, sem procurar o governo americano em até 30 dias para mudar a categoria do visto, Bolsonaro ficaria em uma situação irregular, podendo até ser deportado ao Brasil.
“De forma geral, se alguém entra nos Estados Unidos com um visto A, essencialmente um visto diplomático para diplomatas estrangeiros e chefes de Estado, se um portador de um visto A não está mais envolvido em assuntos oficiais relacionados aos seus governos, cabe ao portador do visto sair dos EUA ou pedir uma mudança de tipo de autorização migratória em até 30 dias”, explicou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, em 9 de janeiro.
Lá, ele está hospedado em uma casa de veraneio do ex-lutador de MMA José Aldo, um de seus mais fiéis apoiadores. O imóvel conta com oito quartos e cinco banheiros, além de cozinha ampla, quartos com decoração temática do Mickey Mouse, salão de jogos e uma sala privativa de cinema. Os valores da diária começam em US$ 519, cerca de R$ 2.743.
A presença do ex-presidente brasileiro nos EUA, no entanto, se tornou alvo de intensas críticas após milhares de terroristas bolsonaristas invadirem e atacarem os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
A VEJA, a deputada estadual Anna Eskamani, da Flórida, afirmou que é absurdo que Bolsonaro tenha permissão para estar no estado, que por sua vez não deveria ser visto como paraíso para “ditadores da extrema-direita”, reforçando uma mensagem feita por outros congressistas do Partido Democrata.