Bolsonaristas destroem relógio da família real, presente de Luís XIV
A peça, considerada raríssima, veio para o Brasil com d. João VI, em 1808, e ficava exposta no terceiro andar do Palácio do Planalto

Os participantes do ato terrorista, declarados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto neste domingo, 8, destruíram um relógio do século XIX dado pela corte de Luís XIV para a família real portuguesa.
A peça, que ficava no mesmo andar do gabinete do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é rara e ficou desfigurada: os ponteiros, números e uma estátua de Netuno que ficava em cima do relógio foram arrancados.
“Acabei de chegar no Palácio do Planalto para receber o presidente Lula, o cenário é de caos! Obras de arte históricas foram destruídas, entre elas uma pintura de Di Cavalcanti e um relógio do século XIX que foi dado de presente para d. João VI”, disse o senador Randolfe Rodrigues no Twitter, nesta segunda-feira, 9.
https://twitter.com/randolfeap/status/1612234366557511683
O valioso artefato foi fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot e há uma assinatura dele na peça com design de André-Charles Boulle. Os dois faziam obras para a corte de Luís XIV, apelidado de “Rei Sol”.
O presente do rei francês veio para o Brasil com d. João VI, em 1808. Segundo o Palácio do Planalto, existem apenas dois relógios Martinot. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi destruída pelos invasores bolsonaristas.
https://twitter.com/gustzucchi/status/1612457393387966464
O relógio já havia passado por uma restauração após ter sido salvo de um depósito do governo federal em 2012. Na época, uma licitação foi feita para contratar um especialista e fazer com que a peça voltasse a funcionar.
Outras obras também sofreram avarias, segundo levantamento oficial do Palácio do Planalto. O quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, principal peça do Salão Nobre, foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanhos. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até 5 vezes maior em leilões.