O governo interino da Bolívia anunciou nesta segunda-feira, 30, que expulsou a embaixadora do México no país e mais dois diplomatas espanhóis por tentarem “facilitar” a saída de ex-integrantes do governo do ex-presidente Evo Morales, que está refugiado na Argentina. Os diplomatas estrangeiros tem até 72 horas para deixarem o país.
À imprensa, a presidente interina do país, Jeanine Añez, disse que esse grupo “de representantes do governo do México e da Espanha têm lesionado a soberania e a dignidade do povo e do governo constitucional da Bolívia devido a sua conduta hostil ao tentarem entrar de forma clandestina na embaixada mexicana desafiando as forças policiais”. “Isso é algo que nós não podemos deixar passar”, concluiu.
Añez declarou como persona non grata a embaixadora mexicana, María Teresa Mercado, a encarregada de negócios da Espanha, Cristina Borreguero, e o cônsul espanhol Álvaro Añez. Além dos diplomatas, mais quatro funcionários do governo espanhol foram expulsos. Segundo a presidente interina, o grupo de espanhóis estava armado quando tentou entrar na embaixada mexicana, onde se encontram funcionários do ex-presidente e seu braço direito, o ex-ministro da Presidência Juan Ramón Quintana.
O anúncio surgiu após uma visita da delegação espanhola à embaixada mexicana em La Paz no sábado 28. Naquele dia, a polícia boliviana impediu a entrada de dois veículos no complexo. A versão do governo diz que os homens dentro dos carros estavam encapuzados e que queriam facilitar a saída dos ex-funcionários de Morales.
Horas após o incidente, o Ministério das Relações Exteriores da Espanha anunciou que abrira uma investigação para apurar o ocorrido, mas alegou que a ida de seus funcionários à embaixada era uma visita de cortesia e que eles não tinham a intenção de “facilitar a fuga” dos ex-funcionários.
Desde que o ex-presidente anunciou sua renúncia em novembro denunciando um golpe de Estado. Morales recebeu refugio do governo mexicano mas logo foi à Argentina após a posse de Alberto Fernández para ajudar com a campanha de seu partido Movimento ao Socialismo (MAS) nas próximas eleições do país.
Contudo, o governo interino acusa Morales de “terrorismo e sedição” e emitiu uma ordem de prisão contra o ex-presidente e ex-ministros.