Os bispos da Igreja Católica do Chile pediram perdão nesta sexta-feira (3) pelos abusos sexuais de membros do clero contra menores e se comprometeram a informar sobre todos os casos, além de aumentar a coordenação com a Procuradoria nas investigações.
Após um conclave na cidade litorânea de Punta de Tralca, próxima de Santiago, a cúpula da Igreja reconheceu que “falhou” em seu dever de atender e acompanhar as vítimas devido ao “graves pecados e injustiças cometidas por sacerdotes e religiosos”.
As denúncias contra diversos membros da Igreja Católica chilena levaram o papa Francisco a abrir uma investigação neste ano que provocou a saída de bispos e outros sacerdotes acusados de praticar ou encobrir abusos contra menores.
“Não reagimos a tempo ante os dolorosos abusos sexuais, de poder e de autoridade, e por isso pedimos perdão em primeiro lugar às vítimas e sobreviventes”, disse Santiago Silva, presidente da Conferência Episcopal do Chile.
“Alguns de nós conseguimos ser mais ativos e atentos à dor sofrida pelas vítimas, pelos familiares e pela comunidade eclesial”, acrescentou.
De acordo com dados da procuradoria chilena, há 38 casos vigentes de delitos cometidos por clérigos e laicos contra menores, adolescentes e adultos. No total, são 73 pessoas investigadas e 104 vítimas, a maioria delas menores de idade no momento dos abusos.
“A partir desta data, divulgaremos publicamente toda investigação prévia sobre possíveis abusos sexuais de menores de idade praticados em nossas jurisdições. Solicitamos o mesmo dos superiores de congregações religiosas”, disse Silva.
Juntamente com ele, o episcopado reiterou seu compromisso de colaborar com a justiça civil para que dezenas de casos nas mãos da Procuradoria chilena sejam investigados.
“Pretende-se fazer um convênio para ter uma transmissão fluída de informação que esteja conforme tanto com a Igreja, de acordo com nossa normativa, como também com os requerimentos do Ministério Público. Isso está em discussão”, disse o secretário-geral do Episcopado, Fernando Ramos.
Sobre a possibilidade de a Igreja entregar os nomes das vítimas à procuradoria, Ramos disse se tratar de um dos tópicos que estão “em discussão”.
(Com Reuters)