O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, testou positivo para covid-19 e cancelou o discurso que deveria fazer no evento da UnidosUS, ONG voltada à defesa dos direitos dos latinos, em Las Vegas.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, divulgou em comunicado, Biden continuará trabalhando em isolamento em sua casa no estado de Delaware.
O democrata fez um teste de covid depois de apresentar sintomas como coriza, tosse e mal-estar. “Seus sintomas seguem leves, sua frequência respiratória está normal em 16, sua temperatura está normal em 97,8 [36,5ºC] e sua oximetria de pulso está normal em 97%”, diz a nota. “O presidente recebeu a primeira dose de Paxlovid.”
O discurso de Biden no evento em Las Vegas atrasou por cerca de 90 minutos. A notícia do diagnóstico foi dada por Janet Murguía, CEO da UnidosUS. “Acabei de conversar por telefone com o presidente Biden. E ele falou de sua profunda decepção por não poder se juntar a nós esta tarde. O presidente esteve em muitos eventos, como todos sabemos, e ele acabou de testar positivo para Covid”, disse Murguía.
Pressão democrata
Postulante à Casa Branca, Biden está sob pressão de integrantes do Partido Democrata para desistir da eleição presidencial, marcada para 5 de novembro, desde seu desempenho desastroso no primeiro debate contra Donald Trump. Preocupações sobre sua idade (81 anos), seu estado de saúde e sua capacidade para derrotar o republicano e governar por mais quatro anos vêm crescendo nas últimas semanas.
O Comitê Nacional Democrata adiou em uma semana os planos para oficializar a candidatura de Biden. O evento será realizado agora só na primeira semana de agosto. O anúncio ocorre um dia depois do Partido Republicano bater o martelo sobre a candidatura do ex-presidente Donald Trump.
Quase dois terços dos eleitores democratas querem que ele desista da disputa, revelou uma pesquisa da agência de notícias Associated Press e NORC, divulgada nesta quarta-feira.
Entre os membros do Congresso, cresce o receio de que a intrincada posição política de Biden possa prejudicá-los nas disputas eleitorais em novembro. O senador Chuck Schumer, de Nova York, líder da maioria democrata; o deputado Jared Huffman, da Califórnia; e o influente deputado Adam Schiff, também da Califórnia, estão entre aqueles que pressionam pela saída do presidente do páreo.
“Nossa nação está em uma encruzilhada”, disse Schiff ao jornal The Los Angeles Times. “Uma segunda presidência de Trump minará a fundação da nossa democracia, e tenho sérias preocupações sobre se o presidente pode derrotar Donald Trump em novembro.”
Desistência apenas por ‘condição médica’
Em uma entrevista divulgada nesta quarta, Biden afirmou que consideraria abandonar a corrida pela Casa Branca se surgisse uma “condição médica” diagnosticada que tornasse isso necessário. Ele reiterou que nenhum de seus médicos detectou problemas de saúde.
Kevin O’Connor, médico da Casa Branca, escreveu após o exame físico do presidente, em fevereiro, que ele é “um homem saudável, ativo e robusto de 81 anos que permanece apto para executar com sucesso as funções da presidência”. Questionado pelo jornalista Ed Gordon, da rede de notícias BET News, se havia algo que o poderia fazer reavaliar a permanência na corrida, o democrata respondeu: “Se eu tivesse alguma condição médica que surgisse… Se alguém, se os médicos viessem até mim e dissessem ‘você tem esse e aquele problema'”.
O comentário é o mais recente de uma série de explicações inconsistentes do presidente sobre o que poderia levá-lo à desistência. No início deste mês, ele disse à emissora americana ABC News que só abandonaria a eleição se a ordem viesse do “Deus todo-poderoso”. Já em coletiva de imprensa em Washington, dias depois, ele disse que permaneceria na corrida, a menos que seus assessores provassem que ele nunca poderia vencer.