O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em uma entrevista à revista americana Time divulgada nesta terça-feira, 4, que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pode estar prolongando a guerra em Gaza por motivos políticos.
Quando questionado se acreditava que Netanyahu estava adiando o fim da guerra em prol de suas próprias razões políticas, Biden afirmou que “há todos os motivos para as pessoas tirarem essa conclusão”, mas se negou a comentar mais detalhadamente sobre o assunto.
O primeiro-ministro israelense perdeu apoio desde o início do conflito, e tem sido alvo de protestos pedindo por sua renúncia. Uma pesquisa recente do Canal 12, maior emissora de Israel, afirmou que se as eleições fossem realizadas hoje, o partido de oposição União Nacional obteria 25 dos 120 assentos do parlamento, enquanto o Likud, de Netanyahu, ganharia 21. (A diferença já foi muito maior: em dezembro, eram 19 assentos de vantagem para os opositores).
Analistas avaliam que a guerra é uma maneira de Netanyahu permanecer no poder e tentar retomar sua popularidade, fazendo com que a população se unifique em torno do objetivo comum de eliminar o Hamas. Além disso, ele poderia ser investigado tanto no seu país quanto internacionalmente por possíveis falhas na gestão do conflito em um cenário de paz.
Crimes de guerra
Durante a entrevista realizada no dia 28 de maio, o presidente americano também afirmou que é “incerto” se as forças israelenses cometeram ou não crimes de guerra em Gaza. No mês passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI), corte das Nações Unidas em Haia, emitiu um mandato de prisão contra o líder de Israel e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por cometerem crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas.
Apesar de negar que Israel esteja utilizando a fome como método de guerra (o TPI acusa as autoridades israelenses de realizarem um cerco contra Gaza e dificultarem entregas de ajuda humanitária aos civis palestinos), Biden disse acreditar que “eles (Israel) se envolveram em atividades inadequadas”.
Cessar-fogo
Em 31 de maio, Biden apresentou uma proposta para um cessar-fogo em Gaza em troca da libertação de reféns israelenses. Segundo ele, Israel está cometendo o mesmo erro que os Estados Unidos cometeram após os ataques de 11 de setembro de 2001, que levaram às “guerras sem fim” no Oriente Médio.
O porta-voz do governo israelense, David Mencer, afirmou que os comentários de Biden sobre Netanyahu estavam “fora das normas diplomáticas de qualquer país de pensamento correto”.
As pesquisas de opinião apontam que a maioria dos israelenses não votaria em Netanyahu caso houvessem eleições porque o culpam pelas falhas de segurança que permitiram o ataque do Hamas em 7 de outubro, apesar de apoiarem a guerra em Gaza.