Biden reverte política de Trump e restaura ajuda financeira a palestinos
Segundo secretário de Estado, cerca de 150 milhões de dólares em assistência humanitária serão doados à agência da ONU para refugiados da Palestina
O governo dos presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira, 7, que irá retomar auxílios financeiros a refugiados palestinos, interrompidos no ano de 2018 durante a gestão de Donald Trump. De acordo com o secretário de Estado, Antony Blinken, cerca de 150 milhões de dólares em assistência humanitária serão doados à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla inglês).
Além da ajuda humanitária, a agência provê cuidados médicos e educacionais a cerca de 5,7 milhões de palestinos espalhados pela Faixa de Gaza, Líbano, Jordânia, Cisjordânia e Síria.
“A UNRWA não poderia estar mais grata por poder refazer a parceria com os Estados Unidos para dar assistência aos refugiados mais vulneráveis espalhados pelo Oriente Médio e cumprir o nosso dever de educar e oferecer ajuda médica a milhares de refugiados todos os dias”, disse o comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini.
Além dos 150 milhões de dólares, Washington irá destinar 75 milhões para as regiões de Gaza e Cisjordânia e mais 10 milhões para os programas de consolidação da paz através da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional. Segundo Blinken, todas essas quantias são adicionais aos 15 milhões anunciados em fevereiro para o enfrentamento da pandemia na região, em meio a críticas de que Israel não teria estendido seus esforços aos territórios ocupados.
O governo de Israel argumenta que não tem responsabilidade legal de imunizar os palestinos, já que segundo os Acordos de Oslo – princípios de paz assinados entre israelenses e palestinos em 1993 e que estão atualmente suspensos -, a Autoridade Palestina assumiria os cuidados de saúde de seu povo, incluindo a vacinação.
“Os Estados Unidos estão profundamente comprometidos em garantir que a nossa colaboração com a UNRWA promova neutralidade, responsabilidade e transparência. (…) Fornece um alívio para os mais necessitados, além de promover um desenvolvimento econômico e apoiar um entendimento entre palestinos e israelenses”, disse o secretário de Estado.
Em crítica à decisão, o embaixador israelense nos EUA e na ONU, Gilad Erdan, afirmou que “ao invés de solucionar o conflito, a UNRWA o perpetua. Qualquer retorno a financiá-la deve depender de reformas essenciais”.
A maior parte dos refugiados atendidos pela agência é formada por descendentes dos cerca de 700.000 palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas na guerra de 1948 que levou à criação de Israel.
Ahmed Abu Huly, membro do comitê-executivo da Organização para a Libertação da Palestina, por sua vez, disse que irá realizar um encontro com o Departamento de Estado americano para expressar apreço ao “apoio muito importante”, segundo a rede Al Jazeera.
Em 2018, o governo Trump bloqueou quase todo o apoio financeiro e humanitário a palestinos após romper laços com a Autoridade Palestina. A decisão foi vista como uma tentativa de forças os palestinos a negociarem um acordo com Israel. O plano apresentado, e rejeitado pelos palestinos, possuía partes de reconhecimento da soberania israelense em assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada, além de estabelecer Israel como “capital indivisível” de Israel.
Israel ocupou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental em 1967 e, sob a lei internacional, os assentamentos israelenses em territórios palestinos são ilegais.
Embora Biden tenha prometido restaurar relações diplomáticas com a Autoridade Palestina e o fluxo de dinheiro, seu governo sinalizou que não pretende reverter algumas políticas de Trump, como a decisão de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.