Após uma série de ataques a tiros colocarem a violência armada sob os holofotes, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a pressionar na quinta-feira, 2, por medidas mais rigorosas de controle ao acesso de armas. Em discurso na Casa Branca, pediu apoio de congressistas, tanto democratas e republicanos, para quebrar o que chamou de “anos de impasses ideológicos”.
Durante o discurso, transmitido no horário nobre de TV americana, quantas vidas ainda precisam ser ceifadas para mudar as leis no país, após os ataques recentes contra uma escola no Texas, um mercado em Nova York e um centro médico em Oklahoma.
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O democrata reiterou o pedido pela proibição de armas de assalto e a exigência de antecedentes criminais para aquisição de armamentos e, “se não pudermos proibir armas de assalto, devemos aumentar a idade para comprá-las, de 18 para 21 anos”.
“Pelo amor de Deus, quantas carnificinas a mais estamos dispostos a aceitar?”, perguntou o democrata. “Não consigo parar de pensar que há muitas outras escolas, muitos outros locais rotineiros que se transformaram em campos de matança, campos de batalha, aqui na América”.
As falas do presidente, em especial o pedido de apoio a medidas bipartidárias e o fim de impasses ideológicos para que haja uma mudança, teve como alvo principal os republicanos. No Senado, os republicanos e os democratas tem 50 cadeiras cada e, para que um projeto seja aprovado, é preciso uma maioria de 60 votos.
Além da pressão sobre políticos, Biden afirmou que “não podemos falhar com o povo americano novamente”, criticando a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), principal lobby pró-armas do país. Segundo o presidente, é preciso a revogação do que definiu como imunidade dos fabricantes.
Em nota, pouco depois do discurso, a NRA afirmou que as propostas de Biden infringem os direitos e as leis de donos de armas.
“Isso não é a solução real, isso não é uma liderança real, isso não é o que o país precisa”, diz o documento.
A incidência de novos ataques coloca de volta aos holofotes o debate sobre acesso a armas e segurança em escolas. De acordo com levantamento do jornal Education Week, foram 28 casos com ao menos uma pessoa morta ou ferida contra 10 em 2020, quando escolas estavam em sua maioria fechadas por causa da pandemia, e 24 em 2019 e 2018.
Só nos 25 primeiros dias do ano de 2022, 1.100 pessoas morreram vitimadas por armas de fogo, um recorde. A estatística inclui 22 policiais mortos em serviço.
A disparada nas mortes violentas acontece no momento em que os Estados Unidos registram recordes em vendas de armamentos.
Desde o início da pandemia, em 2020, os americanos compraram mais de 41 milhões de armas. Trata-se de um salto de 64% na comparação com o período anterior à crise sanitária. Entre os que adquiriram armas no período recente, 3,2 milhões estavam adquirindo o item pela primeira vez.