Biden comuta 1.500 sentenças, maior ato de clemência em um só dia nos EUA
Anúncio vem duas semanas depois que o presidente dos EUA emitiu um perdão para seu filho, Hunter; grupos de direitos pedem pressa devido a Trump
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comutou as sentenças de quase 1.500 pessoas, o maior ato de clemência concedido por um presidente americano em um único dia, anunciou a Casa Branca em um comunicado nesta quinta-feira, 12.
A Casa Branca afirmou em comunicado que as comutações anunciadas nesta quinta-feira representam o compromisso de Biden de “ajudar a reunir famílias, fortalecer comunidades e reintegrar indivíduos de volta à sociedade”.
Grande parte das pessoas que receberam o perdão presidencial estavam em prisão domiciliar por ao menos 1 ano, para onde haviam sido transferidos durante a pandemia de Covid-19 para evitar a contaminação pelo vírus em grandes prisões. Outras 39 estavam na cadeia, cumprindo sentenças por crimes não violentos, incluindo posse de maconha.
Em nota, o democrata disse que tomará mais medidas semelhantes nas próximas semanas, indicando que continuará a revisar os pedidos de clemência. O segundo maior ato do tipo foi feito por Barack Obama, com 330 concessões realizadas pouco antes de deixar o cargo, em 2017.
Hunter Biden
O anúncio veio duas semanas depois que Biden emitiu um perdão para seu filho, Hunter, que havia sido condenado em dois casos separados: por porte de arma e sonegação de imposto de renda. A decisão foi duramente criticada tanto por republicanos e democratas, já que o presidente americano havia dito inequivocadamente, e diversas vezes desde que o filho foi considerado culpado, que não estenderia a ele um indulto.
Ambos crimes que Hunter cometeu ocorreram em uma época em que ele era usuário de drogas pesadas, como cocaína. Nos Estados Unidos, é proibido que pessoas com dependências químicas comprem uma arma. Segundo Biden, o filho teria sido julgado de forma discriminatória devido ao problema com drogas, mas o “perdão total” que ele concedeu – ficou proibido sequer investigar Hunter por quaisquer crimes supostamente cometidos na última década – indica que o pai pode ter tentado proteger o filho de um potencial assédio do Departamento de Justiça de Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro.
+ A retaliação dos democratas contra o perdão de Biden ao filho Hunter
A clemência também ocorre enquanto o líder americano enfrenta pressão de grupos de defesa para conceder a medida a amplos grupos de pessoas, incluindo aqueles no corredor da morte, antes que a administração Trump assuma.
Nesta quinta-feira, o presidente afirmou, sobre as comutações de sentenças, que “os Estados Unidos foram construídos sobre a promessa de possibilidades e segundas chances”.
“Como presidente, tenho o grande privilégio de estender misericórdia às pessoas que demonstraram arrependimento e reabilitação, restaurando oportunidades para que os americanos participem da vida cotidiana, contribuam para suas comunidades e ajudem a eliminar disparidades de sentenças para infratores não violentos, especialmente aqueles condenados por crimes relacionados a drogas”, completou.