A condenação de Hunter Biden, o filho enrolado do presidente dos EUA
Ex-dependente químico, ele foi considerado culpado por mentir em um formulário exigido para a compra de uma arma
Uma atitude banal no cotidiano dos Estados Unidos rendeu uma pena severa: Hunter Biden, 54 anos, filho do presidente americano, foi condenado por mentir em um formulário exigido para a compra de uma arma, artigo vendido até em supermercados. Em 2018, enquanto atravessava um dos períodos mais críticos da dependência do álcool e do crack, disse não usar drogas para conseguir o porte de uma pistola Colt. Não adiantaram os apelos de sofrer de dependência química nem o fato de ele estar livre do vício há cinco anos. Na terça-feira, o tribunal da pequena Wilmington, em Delaware, o convocou e, ao lado da mulher, Melissa, ele recebeu o veredicto. A sentença pode chegar a 25 anos de prisão. O rigor foi considerado exagerado até por Donald Trump, pouco disposto a utilizar o episódio na disputa presidencial (e com culpa no cartório, condenado no episódio do dinheiro dado pelo silêncio de uma atriz pornô): “Não passa de mera distração”, afirmou a porta-voz do ex-presidente, que decidiu não repetir a campanha de 2020, quando acusou o filho-problema de Joe Biden de tráfico de influência em nome de uma empresa ucraniana. Os republicanos preferiam a absolvição, atalho para reforçar a ideia de a Justiça favorecer os democratas. A ordem é guardar o chumbo grosso para acusações mais graves que pesam contra Hunter, como o processo de sonegação de impostos que será julgado em setembro. Ao saber da condenação, o presidente voou para encontrar o filho e o abraçou. Biden sabe que a imagem de pai zeloso pode lhe render bons votos.
Publicado em VEJA de 14 de junho de 2024, edição nº 2897