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‘Muita gente fugiu’: Brasileira em Londres relata medo por mutação

Lilian Raposo, de 47 anos, cancelou os planos para o Natal e cogita proibir filho de ir à faculdade: 'O que é essa mutação? A vacina vai dar conta disso?'

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h42 - Publicado em 22 dez 2020, 08h01

O Reino Unido enfrenta nesta segunda-feira, 21, intensas restrições internas e externas após a descoberta de uma mutação do coronavírus, que se espalhou rapidamente pela população de Londres e redondezas.

A quatro dias do Natal e dez do Brexit vários países proibiram a circulação de pessoas e mercadorias britânicas e a maior parte da população enfrenta um bloqueio estrito. É o caso da brasileira Lilian Raposo, de 47 anos, que mora em Windsor, nos arredores fronteira da capital inglesa.

A professora de história, que trabalha como assistente de catering há quatro meses, e sua família voltaram à fase mais dura de restrições contra a Covid-19 no domingo 20, o Tier 4. Lojas não essenciais, cabeleireiros e centros de lazer voltaram a fechar, com orientação para ficar em casa reintroduzida.

Só é permitido sair para ir à farmácia ou ao supermercado, mas pessoas que não podem trabalhar de casa ainda podem fazer o trajeto ao escritório. Escolas e universidades continuam abertas.

“É um balde da água fria, porque já estávamos voltando à vida normal. Depois que o novo lockdown foi anunciado, muita gente fugiu daqui”, diz Lilian, reclamando da negligência com as orientações do governo em Windsor.

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De acordo com as medidas, pessoas que moram em casas diferentes não podem se encontrar, mas ainda são permitidos encontros de duas pessoas em espaços abertos e públicos. É proibido pernoitar fora de casa e viajar para o exterior.

“Entendo que a mídia não quer gerar pânico e o governo está preocupado com a economia, mas tenho a sensação de que estamos sendo deixados na mão. O que é essa mutação? A vacina vai dar conta disso?”, pergunta Lilian, que, pela faixa etária, só deve ser vacinada em março ou abril.

Ela e o marido, Jason Robinson, que trabalha no Aeroporto de Heathrow, em Londres, estão de férias. Ambos estão cogitando vetar que o filho de 19 anos continue atendendo às aulas presenciais na faculdade, devido ao medo da nova cepa do coronavírus, 70% mais contagiosa. Lilian já ficava muito preocupada com a doença pela sua imprevisibilidade, mas frente à notícia da mutação, ficou ainda mais angustiada.

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“O cunhado da minha irmã, um jovem médico com dois filhos pequenos, morreu de Covid-19. Enquanto isso, tem gente que nem sente a doença. A possibilidade de que essa ameaça silenciosa seja ainda mais transmissível me deixa à beira da paranoia”, afirma a brasileira.

Além disso, Lilian ia encontrar-se com os sogros pela primeira vez desde março para passarem o Natal em família. Agora, devido à proibição da mistura de duas casas, ela vai apenas deixar alguns presentes na casa dos avós de seu filho, que também moram em uma zona sob lockdown. “É frustrante. Essa é a primeira vez que minha sogra vai passar o feriado sozinha e está muito deprimida”, explica.

O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock – que admitiu que a propagação da nova cepa estava “fora de controle” –, disse que essas restrições provavelmente durarão meses, até que a vacina seja administrada a toda a população. Contudo, haverá uma revisão no dia 30 de dezembro, como parte de uma reavaliação mais ampla das fases.

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