A bandeira do estado de Pernambuco foi confundida com um símbolo LGBTQIA+ nas imediações do Estádio Nacional de Lusail, durante a Copa do Mundo de 2022 no Catar. A situação aconteceu na partida entre Argentina e Arábia Saudita.
Por meio do Twitter, o jornalista Victor Pereira contou que um homem não identificado com as credenciais da Fifa, juntamente com policiais, abordou uma voluntária que tirava foto ao seu lado.
Fomos abordados por conta da bandeira de Pernambuco, que tem um arco-íris e acharam que era a bandeira LGBT. Tomaram o meu celular e só me devolveram quando deletei o vídeo que tinha. pic.twitter.com/7X2oal8bq1
— Victor Pereira (@ovictorpereira) November 22, 2022
Segundo o relato, o catari pegou a bandeira das mãos da mulher e começou a pisotear o símbolo do estado brasileiro. O motivo da ação foi o arco-íris presente na bandeira pernambucana, que foi confundido com uma manifestação LGBTQIA +.
O jornalista conta ainda que os policiais confiscaram o seu celular e só devolveram quando ele apagou o vídeo que havia feito no momento da agressão. O profissional estava o tempo inteiro com a credencial da Fifa e está realizando a cobertura da Copa por vários veículos de mídia.
Na última segunda-feira, 21, a entidade alertou o governo catari depois que uma série de itens com o símbolo do arco-íris estavam sendo removidos na entrada dos estádios, como chapéus, cadarços, pulseiras e até a camisa de um jornalista dos Estados Unidos.
A violação dos direitos humanos no Catar, em especial os relacionados ao público LGBTQIA+, tem sido um dos principais temas discutidos durante o maior evento de futebol do planeta. Nas rodadas finais das competições nacionais na Europa era comum ver faixas de protesto à realização do evento no país do Oriente Médio.
+ A polêmica em torno das braçadeiras de capitão na Copa do Mundo
Além dos torcedores, as próprias seleções do continente planejavam realizar uma série de ações em protesto, mas a Fifa decidiu punir com cartões amarelos todos os jogadores que se manifestassem.
Na véspera do jogo de abertura, a entidade divulgou uma campanha em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) que prevê a exibição de mensagens humanitárias nas faixas usadas pelos capitães das 32 seleções que disputarão o Mundial.
Serão sete mensagens utilizadas a cada rodada da Copa, no entanto, a campanha humanitária despertou críticas por ser interpretada como uma tentativa de abafar os protestos contra as leis anti-LGBTQIA+ que estavam sendo organizados por algumas seleções.
O protesto organizado pelas seleções começou com uma iniciativa da Holanda, que indicava uso de braçadeira com as cores do arco-íris, e obteve o apoio de Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Suíça e País de Gales. Posteriormente, a França desistiu — seu capitão, o goleiro Hugo Lloris, disse que respeitaria as leis do Catar.
+ Fifa ameaça sanção e seleções recuam em uso de braçadeira arco-íris
Já o goleiro e capitão alemão, Manuel Neuer, diz não ter medo das consequências de aderir ao protesto contra a homofobia. Em tese, as braçadeiras fazem parte dos equipamentos providenciados pela Fifa às seleções antes das partidas. O regulamento da Copa diz que nenhum item dos uniformes das delegações podem conter mensagens políticas ou religiosas ou comerciais, com pena de multa.
Durante entrevista coletiva na manhã do sábado 19, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi perguntado sobre a questão das faixas e disse que “teremos várias campanhas de inclusão. Temos que achar tópicos sobre os quais todos concordam”.
+ Uma Copa incômoda: polêmicas cercam o Mundial antes da bola rolar
Infantino também criticou os preconceitos que, segundo ele, são cometidos pelos europeus quando se referem ao Catar. “Eu me sinto catari, árabe, africano, gay, com deficiência. Quando eu vejo essas coisas e o que dizem eu lembro de histórias pessoais”, declarou o italiano na polêmica entrevista.