Baixas na Ucrânia: Rússia aumenta idade limite para recrutamento militar
Homens de até 30 anos poderão ser convocados a cumprir serviço militar obrigatório; medida foi aprovada enquanto Moscou luta para repor soldados na guerra

O parlamento da Rússia aprovou nesta quarta-feira, 26, uma lei para aumentar a idade máxima com a qual soldados podem ser recrutados para o exército de 27 para 30 anos, expandindo o número de jovens sujeitos a cumprir serviço militar obrigatório. O voto ocorre enquanto Moscou tenta repor suas forças na guerra na Ucrânia sem precisar de uma nova mobilização, medida impopular no país.
A iniciativa também proíbe os recrutas de deixarem o país depois de receberem o aviso prévio do escritório de alistamento. O projeto ainda precisa ser aprovado pela câmara alta e sancionado pelo presidente Vladimir Putin, etapas consideradas mera formalidade.
“A partir de 1º de janeiro de 2024, os cidadãos de 18 a 30 anos serão convocados para o serviço militar”, disse a câmara baixa do parlamento, a Duma, após a aprovação do projeto de lei.
Anteriormente, um ano de serviço militar era obrigatório na Rússia para homens de 18 a 27 anos, sendo que o recrutamento era realizado duas vezes por ano. Os deputados russos descartaram ainda uma proposta inicial para aumentar também a idade mínima, para 21 anos.
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“A redação do projeto de lei mudou porque a situação demográfica é grave e afeta o volume do recurso de mobilização”, disse Andrei Kartapolov, chefe do comitê de defesa da Duma.
O parlamento também aprovou um projeto de lei que aumenta significativamente as multas quem não comparecer a um escritório de alistamento após receber um aviso preliminar. Os valores a serem pagos podem chegar a 30 mil rublos, cerca de R$ 1.500, quando a lei entrar em vigor em 1º de outubro. Atualmente, a maior multa aplicada é de 3 mil rublos (R$ 150).
A medida, além disso, fortaleceu o poder dos governantes de estabelecer unidades paramilitares regionais durante períodos de mobilização ou lei marcial. Essas unidades seriam financiadas e armadas pelo Estado e teriam o direito de abater drones, combater grupos de sabotagem inimigos e conduzir operações antiterroristas.
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Em 2022, a Rússia anunciou um plano para aumentar o contingente de militares em mais de 30%, para 1,5 milhão de pessoas, uma tarefa ambiciosa dificultada por suas baixas pesadas na Ucrânia. Em setembro, dezenas de milhares de homens fugiram da Rússia depois que Putin anunciou uma mobilização amplamente impopular de 300 mil reservistas para apoiar Moscou na guerra.
O serviço militar obrigatório é uma questão delicada na Rússia, onde muitos homens fazem de tudo para evitar que recebam papéis de recrutamento durante os períodos de convocação semestrais. Em abril, contudo, o governo russo digitalizou as notificação de recrutamento, dificultando qualquer drible ao processo.
Legalmente, recrutas não podem ser enviados para lutar fora da Rússia, mesmo que alguns tenham sido mandados para a linha de frente da guerra por engano. Porém, depois que a Rússia anexou unilateralmente quatro regiões ucranianas em setembro passado, especula-se que recrutas inexperientes possam ser enviados para a batalha nestes pontos.