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Aviões de Putin levaram à força mais de 300 crianças ucranianas, diz relatório

Menores de idade teriam sido trazidos à Rússia ainda nos primeiros meses da guerra na Ucrânia como parte de um programa de 'russificação'

Por Da Redação Atualizado em 3 dez 2024, 17h46 - Publicado em 3 dez 2024, 16h50

Aviões e fundos presidenciais da Rússia foram usados para deportar 314 crianças ucranianas de territórios ocupados, alojando-as com famílias russas, mostrou um relatório da Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, nos Estados Unidos, publicado nesta terça-feira, 3. Apoiada pelo Departamento de Estado dos EUA, a pesquisa afirmou que os menores de idade foram levados para o país vizinho ainda nos primeiros meses da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, como parte de um programa de “russificação”.

O relatório foi obtido pela agência de notícias Reuters, mas as descobertas serão apresentadas pelo pesquisador Nathaniel Raymond, diretor-executivo do Laboratório de Pesquisa Humanitária de Yale, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta-feira, 4. No momento, os EUA ocupam a presidência rotativa do órgão.

A pesquisa é baseada em três bancos de dados de adoção do governo russo, com registros colhidos ao longo de 20 meses. A investigação de Yale mapeou a suposta logística do programa e como ele foi financiado. Com isso, foi possível confirmar as identidades das 314 crianças. Destas, 166 foram colocadas diretamente sob os cuidados de cidadãos russos, enquanto outras 148 foram listadas nos bancos de dados de colocação de crianças da Rússia.

O relatório faz parte do esforço do presidente americano, Joe Biden, de documentar supostas violações do direito internacional e crimes contra a humanidade cometidos por Moscou durante a guerra. O relatório afirma que crianças ucranianas levadas para a Rússia foram submetidas a “propaganda militar pró-Estado”, com evidências de “reeducação patriótica” em todas as instalações onde as crianças eram processadas. A iniciativa também teria contado com a colaboração de Belarus, aliada da Rússia.

Segundo o relatório, crianças ucranianas começaram a serem retiradas de suas casas em fevereiro de 2022, poucos dias antes da invasão da Ucrânia. Sob comando de Putin, as Forças Aeroespaciais e aeronaves do gabinete presidencial levaram vários grupos de menores de idade em aviões de transporte militar da Federação Russa, entre maio e outubro daquele ano.

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+ Rússia devolve a Kiev seis crianças ucranianas deportadas durante a guerra

Mandados de prisão do TPI

Em entrevista à Reuters, Raymond afirmou que as conclusões apoiam os mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, contra o presidente russo e sua comissária para a Infância, Maria Lvova-Belova, em março do ano passado. A corte considerou que “existem motivos razoáveis” para considerar que a comissária esteve envolvida em práticas criminais.

Lvova-Belova assumiu o cargo apenas quatro meses antes do início do confronto. Após a invasão, ela reclamou que crianças vindas da Ucrânia “falavam mal do presidente (Putin), diziam coisas horríveis e cantavam o hino ucraniano”, tendo começado “a se integrar” somente depois de serem sido adotadas por famílias russas. Segundo a comissária, os menores “se transformaram e amam a Rússia”. Mas tudo ocorreu, segundo ela, com a permissão dos pais ou de seus responsáveis legais, a não ser que esses estivessem desaparecidos.

O escritório do promotor do TPI disse à Reuters que a pesquisa de Yale é útil “para nossas atividades contínuas neste caso”. Raymold também adiantou que as informações indicam que “a deportação de crianças da Ucrânia é parte de um programa sistemático liderado pelo Kremlin”, o que impulsiona as acusações da corte contra Putin e Lvova-Belova por crimes de guerra.

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