Australianos lutam pelo direito de trabalhar em casa permanentemente
Em resposta a exigências de retorno presencial obrigatório, sindicatos levaram aos tribunais o governo e dois dos maiores bancos do país – saindo vitoriosos

Sindicatos de trabalhadores na Austrália estão questionando o fim dos acordos de trabalho remoto da pandemia, levando a tribunal o maior banco do país. As organizações também disputam com o governo federal para exigir que o “home office” se torne a norma vigente.
Com a menor taxa de desemprego australiana em meio século, a cerca de 3,5%, a equipe do Commonwealth Bank of Australia (CBA) sentiu-se confiante para ler o banco ao tribunal industrial para contestar um requisito para trabalhar presencialmente por pelo menos metade da jornada.
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Um confronto semelhante aconteceu em abril no terceiro maior banco da Austrália, o National Australia Bank (NAB), quando o CEO ordenou que 500 gerentes seniores voltassem ao escritório em tempo integral. Em julho, o NAB fechou um acordo sindical que dá a todos os funcionários, incluindo os gerentes, o direito de solicitar “home office”. Na mesma semana, o sindicato do setor público fechou negociações que permitem que os 120 mil funcionários federais da Austrália trabalhem de casa por um número ilimitado de dias.
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Em comparação, funcionários federais do Canadá encerraram, em maio, uma greve de duas semanas com um acordo salarial, mas sem as proteções ao “home office” que eles queriam. Na União Europeia, legisladores ainda negociam atualizações para as proteções antigas ao teletrabalho, para que se adequem à economia pós-Covid-19.
Segundo Mathias Dolls, vice-diretor do Centro de Macroeconomia e Pesquisas em Hamburgo, embora o número de dias de trabalho remoto varie de acordo com cada país e indústria, a lacuna entre a demanda de funcionários e a quantidade obrigatória de atividade presencial é uma constante global.
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Dolls foi um dos autores de uma pesquisa que entrevistou 35 mil trabalhadores e empregadores em 34 países, como parte de um projeto com a Universidade de Stanford. No levantamento, apenas 19% dos funcionários que tinham alguma atividade remota queriam voltar ao escritório em tempo integral. Em média, trabalhadores defendem dois dias por semana de teletrabalho, o dobro do que os patrões desejam.
Antes da pandemia, em 2019, a Austrália registrou apenas 2% de horas trabalhadas em “home office”. Mas agora, cerca de um sexto dos escritórios da capital australiana está vago, uma alta de vários anos, já que o atendimento presencial permanece pelo menos um terço abaixo dos níveis pré-Covid-19. Porém, enquanto prejudica alguns investidores, trabalhadores só conseguem ver benefícios.