Austrália autoriza uso de MDMA e psilocibina para pacientes psiquiátricos
Proibidas em 1987, ambas substâncias vão poder ser usadas para tratamento de depressão e transtorno de estresse pós-traumático

A Therapeutic Goods Administration (TGA), uma agência governamental australiana, anunciou nesta sexta-feira, 3, que os psiquiatras vão poder prescrever MDMA e psilocibina para pacientes com transtornos psiquiátricos a partir de julho deste ano.
As drogas vão ser usadas de forma restrita e continuam proibidas para uso recreativo. A 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) é conhecida popularmente como ecstasy, enquanto a psilocibina é um princípio ativo encontrado nos chamados “cogumelos mágicos”.
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O ecstasy foi formalmente desenvolvido como um inibidor de apetite em 1912. Porém, foi apenas em 1970 que ele começou a ser usado em sessões de terapia nos Estados Unidos. Na Austrália, as substâncias começaram a ser usadas no país para festas em 1980 e foram proibidas sete anos depois.
Além disso, embora diversas espécies de cogumelos mágicos possam ser encontrados naturalmente no país, o consumo e a venda da psilocibina são ilegais na Austrália.
Antes de serem criminalizadas, ambas as drogas eram usadas experimentalmente para finalidades terapêuticas. Agora, os psiquiatras autorizados vão poder prescrever o MDMA para pacientes com transtorno de estresse pós-traumático, enquanto a psilocibina vai poder ser consumida para casos de pessoas com depressão resistentes ao tratamento.
Para David Caldicott, professor de medicina da Australian National University, a mudança é um passo importante para acabar com a “demonização” destas drogas. Ao jornal britânico The Guardian, o médico afirmou que ficou “extremamente claro” que um suprimento controlado de MDMA e psilocibina pode ter efeitos positivos ao se tratar de pacientes que não obtém respostas com os tratamentos contemporâneos.
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Já o professor e diretor de Pesquisa Psicodélica em Ciência e Medicina da Universidade Edith Cowan, Stephen Bright, reiterou que a decisão tornou a Austrália “o primeiro país do mundo a reconhecer oficialmente o MDMA e a psilocibina como medicamentos”.
Segundo ele, este é um “passo importante na reforma da política de drogas”. No entanto, é preciso de um treinamento extensivo para os psiquiatras que tiverem permissão de receitar tais substâncias. Além disso, o anúncio poderia levar a mais pessoas com acessos às drogas ilegais.
Em um comunicado, o TGA disse que a decisão reconheceu “a atual falta de opções para pacientes com doenças mentais resistentes a tratamentos específicos”. Isto significaria que “a psilocibina e o MDMA podem ser usados terapeuticamente em um ambiente médico controlado”.
“No entanto, os pacientes podem ser vulneráveis durante a psicoterapia assistida por psicodélicos, exigindo controles para protegê-los.”, comentou a instituição.