Áudio da morte de Khashoggi horrorizou inteligência saudita, diz Erdogan
Gravação é vista pela CIA como principal prova do envolvimento do príncipe herdeiro saudita no assassinato do jornalista
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira, 13, que gravações relacionadas ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, compartilhados por seu país com aliados do Ocidente, são “apavorantes” e chocaram um oficial de inteligência saudita.
Khashoggi, crítico do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, foi assassinado no consulado do reino em Istambul seis semanas atrás, em uma operação que Erdogan diz ter sido ordenada pelos “níveis mais altos” do governo saudita
Erdogan disse a repórteres a bordo do avião em que retornava de uma visita à França que debateu o assassinato de Khashoggi com líderes dos Estados Unidos, França e Alemanha durante jantar em Paris.
Na semana passada, o governo turco confirmou a existência das gravações do momento exato em que o jornalista foi morto no consulado. Khashoggi era grande crítico do governo saudita e vivia em exílio nos Estados Unidos.
“Mostramos as gravações relacionadas a este assassinato a todos que quiseram. Nossa organização de inteligência não escondeu nada. Nós as mostramos a todos que as queriam, inclusive os sauditas, os EUA, França, Canadá, Alemanha, Reino Unido”, afirmou.
“As gravações são realmente apavorantes. De fato, quando o agente de inteligência saudita escutou, ficou tão chocado que disse: ‘Este deve ter usado heroína, só alguém que usa heroína faria isso'”, acrescentou, referindo-se ao assassino do jornalista.
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavusoglu, afirmou ontem que em 24 de outubro o serviço de inteligência compartilhou com outros países as gravações de áudio do caso Khashoggi.
O Canadá afirmou ter ouvido as gravações, enquanto o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, negou que a Turquia tivesse compartilhado essa informação.
Envolvimento do príncipe Salman
O áudio, que também foi compartilhado no mês passado com a agência americana CIA, é visto pelos membros da inteligência dos Estados Unidos como uma das provas mais sólidas que vinculariam o príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman com o assassinato de Khashoggi.
Segundo o jornal The New York Times, durante a gravação é possível ouvir um dos responsáveis pelo assassinato pedir a um superior por telefone que “dissesse ao seu chefe” que os agentes tinham cumprido sua missão.
Ainda que o príncipe não tenha sido mencionado pelo seu nome, os oficiais da inteligência americana acham que “seu chefe” era uma referência a Salman.
Agentes da inteligência turca disseram aos seus colegas americanos que acreditam que Maher Abdulaziz Mutreb, um dos quinze sauditas que teriam sido enviados a Istambul para assassinar Khashoggi, era quem estava falando com um dos ajudantes de Salman. Oficial de segurança, Mutreb era próximo do príncipe e viajava com ele com frequência.
(Com Reuters, EFE e AFP)