Ataque israelense em Beirute mata 13 e deixa rastro de destruição; Veja fotos
Israel avançou sobre os subúrbios ao sul de Beirute com bombardeios pesados após alertas de evacuação
O Ministério da Saúde Pública do Líbano afirmou na madrugada desta terça-feira, 22, que ao menos 13 pessoas, incluindo uma criança, foram mortas em um ataque israelense perto do Hospital Universitário Rafik Hariri, no sul de Beirute, maior centro de saúde pública do país. Outras 57 pessoas ficaram feridas, e equipes de resgate foram mobilizadas para buscar por sobreviventes sob os escombros.
Israel emitiu alertas de retirada para a população libanesa cerca de 15 minutos antes de atacar os subúrbios ao sul de Beirute com caças. Não houve aviso, no entanto, para a área ao redor do hospital, local densamente povoado que virou destino para pessoas que fugiram de áreas mais próximas da fronteira entre os dois países. Pelo menos três prédios a cerca de 50 metros do complexo médico foram destruídos e o Ministério da Saúde afirmou que houve “danos significativos” ao hospital.
O que diz Israel
O exército israelense, por sua vez, disse que atingiu um “alvo terrorista do Hezbollah” perto do Hospital Universitário Rafik Hariri, sem dar mais detalhes, insistindo que a instalação em si não foi afetada. Tel Aviv também acusou a milícia libanesa, aliada do grupo terrorista palestino Hamas e apoiada pelo governo do Irã, de usar a população civil como escudo humano – uma alegação que a organização nega.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) comunicaram que suas aeronaves atingiram “instalações de armazenamento de armas do Hezbollah, centros de comando e alvos terroristas adicionais em Beirute”.
“Alguns dos alvos estavam localizados no subsolo e incluíam equipamentos aéreos e navais usados pelo Hezbollah para realizar ataques terroristas”, acrescentaram as FDI, sem especificar esses locais.
Além disso, os militares israelenses afirmaram ter identificado um bunker do Hezbollah escondido sob o hospital Sahel, em Haret Hreik, que foi posteriormente esvaziado. O porta-voz das FDI, Daniel Hagari, disse, sem fornecer evidências, que o esconderijo continha centenas de milhões de dólares em dinheiro e ouro, que estavam sendo usados para financiar os ataques do Hezbollah a Israel. Ele também garantiu o hospital em si não era um alvo.
Efeitos da guerra
Os ataques desta madrugada nos bairros Ouzai e Jnah desencadearam um novo êxodo de moradores, aumentando a pressão sobre os abrigos que lutam para acomodar refugiados. Vídeos dos lugares no sul de Beirute que receberam os alertas de retirada mostraram residentes fugindo em veículos e a pé em meio aos ataques.
Após quase um mês de guerra entre Israel e o Hezbollah, pelo menos 1.489 pessoas morreram no Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde do país. Além disso, mais de um milhão teriam sido deslocadas, e dezenas de milhares fugiram para a vizinha Síria.
Israel parece ter expandido sua guerra contra o Hezbollah para além da infraestrutura militar. No domingo 20, as FDI anunciaram que passariam a atacar as redes financeiras do grupo, e realizaram investidas direcionadas contra filiais da Al-Qard Al-Hassan Association (AQAH), uma associação financeira ligada ao Hezbollah, no sul e leste do Líbano.
Segundo Tel Aviv, a AQAH é uma operação de fachada para o grupo armado apoiado pelo Irã financiar suas atividades.
Solução diplomática
Na segunda-feira, o enviado especial do presidente dos Estados Unidas, Joe Biden, para o Oriente Médio chegou a Beirute para tentar negociar o fim da guerra entre Israel e Hezbollah. Amos Hochstein disse que Washington quer que isso ocorra “o mais rápido possível” e alertou que não era do interesse do Líbano ter seu futuro vinculado a outros conflitos na região – uma referência aos laços estreitos da milícia local com o Irã e sua decisão de apoiar o Hamas na guerra de Gaza.
Hochstein pediu um “acordo abrangente” que implementasse a Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O mecanismo, que encerrou a última guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, determina que o sul do Líbano fique livre de quaisquer militares ou armas que não pertençam ao estado libanês, bem como a implementação de uma força de manutenção da paz das Nações Unidas.
Também na segunda-feira, o Hezbollah disparou mais foguetes contra o norte de Israel. Segundo as FDI, 170 projéteis cruzaram a fronteira até o final do dia.