Assessor da Casa Branca ameaça Irã com ‘inferno’ caso enfrente os EUA
Donald Trump e Hassan Rohani protagonizaram tensa troca de farpas durante Assembleia-Geral da ONU
O assessor de Segurança Nacional americano John Bolton ameaçou o Irã com um “inferno” caso o regime venha causar danos aos Estados Unidos, seus cidadãos ou aliados.
“Permitam-me que minha mensagem de hoje seja clara: estamos observando e vamos atrás de vocês”, disse Bolton, conhecido por suas posturas radicais contra o regime iraniano, na cúpula anual do grupo United Against Nuclear Iran (Unidos Contra o Irã Nuclear, em português, ou UANI na sigla em inglês).
“Se você cruzar com nossos aliados ou nossos parceiros; se prejudicar nossos cidadãos, se seguir mentindo, enganando, sim, pagará com o inferno”, acrescentou Bolton.
O assessor da Casa Branca participou da cúpula da UANI, dentro da Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde na terça-feira (26) o presidente americano Donald Trump e o iraniano Hassan Rohani protagonizaram uma tensa troca de farpas.
Enquanto Trump pediu ao mundo para isolar o Irã, Rohani disse que o líder americano trabalha para que “todas as instituições internacionais sejam ineficazes”.
As declarações de Bolton chegam também após um atentado que matou 25 no último sábado durante um desfile militar em Ahvaz, no sudoeste do Irã.
O Ministério de Inteligência iraniano identificou como responsáveis grupos separatistas takfiri (radicais sunitas), que segundo Teerã são “patrocinados por países reacionários árabes”, como Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos. Oficiais também culparam os Estados Unidos e Israel por apoiar a ação.
O Ministério prometeu ao povo que “punirá os grupos terroristas e suas entidades filiadas em qualquer parte da região e do mundo”.
Conselho de Segurança
Donald Trump comparecerá nesta quarta-feira (26) ao Conselho de Segurança da ONU decidido a buscar aliados para isolar o Irã, sob o risco de expor seu próprio isolamento.
No dia em que a ONU celebra o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, Trump vai presidir a partir das 10h00 (11h00 de Brasília) a reunião do principal organismo das Nações Unidas sobre ameaças à segurança.
A presença de Trump na sala formal do Conselho de Segurança, presidido neste mês pelos Estados Unidos, pode render algumas surpresas pela tendência do americano de evitar o protocolo e mudar procedimentos.
Apoio ao acordo nuclear
Diferente dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia, os outros signatários do pacto de 2015 decidiram na segunda-feira, à margem da Assembleia-Geral, instaurar um mecanismo de pagamento para poder seguir fazendo negócios com o Irã, apesar das sanções americanas.
A primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente da França, Emmanuel Macron, participaram de encontros privados com Hassan Rohani nos últimos dias.
May afirmou que para Londres é importante a manutenção do acordo nuclear e a ampliação dos laços com Irã em diferentes setores econômicos e energéticos.
Já no encontro com Macron, Rohani lembrou que a saída unilateral dos Estados Unidos do acordo é “uma medida ilegal contrária às normas internacionais”.
O presidente francês ressaltou a necessidade de preservar o pacto nuclear e os esforços de Paris nessa questão, segundo a nota da Presidência do Irã.
Rohani e Macron também insistiram no desenvolvimento das relações e a cooperação bilateral para aumentar as trocas comerciais, financeiras e energéticas.
O acordo nuclear foi selado em 2015 entre Teerã e o chamado Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França e o Reino Unido mais a Alemanha) para limitar o programa atômico iraniano em troca da retirada das sanções internacionais contra o Irã.
No entanto, o presidente Donald Trump decidiu, em maio, deixar o pacto e voltar a impor sanções, que afetam empresas de outros países que fazem negócios com o Irã.
Para resistir ao efeito destas sanções e salvar o acordo, a União Europeia (UE) anunciou há dois dias que criará uma entidade especial – um canal de pagamentos – para facilitar as transações com o Irã e permitir que as empresas europeias continuem seu comércio com esse país.
(Com EFE e AFP)