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Irã semeia ‘caos, morte e destruição’, diz Trump na ONU

Presidente americano adotou posição dura em relação ao multilateralismo e defendeu direito à soberania dos EUA em discurso na Assembleia-Geral

Por Da Redação
Atualizado em 25 set 2018, 16h30 - Publicado em 25 set 2018, 12h27

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira em discurso na Assembleia-Geral da ONU que os governantes iranianos estão semeando “caos, morte e destruição” e pediu aos líderes mundiais que “isolem” o país enquanto suas agressões continuarem.

Em tom duro, o americano defendeu mais uma vez sua decisão de deixar o acordo nuclear iraniano de 2015 e de aplicar novas sanções contra o país do Oriente Médio. Segundo ele, o Irã é o “principal patrocinador do terrorismo no mundo” e deve ser bloqueado.

“Os líderes do Irã semeiam o caos, a morte e a destruição”, disse durante o encontro anual. “Eles não respeitam os vizinhos ou fronteiras ou os direitos de soberania das nações.”

Trump também dedicou boa parte de seu discurso à defesa de uma política soberana, patriótica e independente, que segundo ele rege os Estados Unidos atualmente. De acordo com o presidente, “a América é governada pelos americanos” e seu dever é defender o país de qualquer ameaça à sua soberania.

O republicano voltou a afirmar que os EUA recusam a “ideologia do globalismo” e criticou o multilateralismo. Ele também advogou mais uma vez em favor de sua política econômica protecionista, que atinge principalmente a China.

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Segundo Trump, sua nação não vai mais tolerar nenhum tipo de “abuso” na área do comércio internacional.

Na semana passada, os EUA anunciaram o aumento de tarifas para produtos chineses que, atualmente, totalizam 200 bilhões de dólares em importações.

Além da soberania na economia, Trump defendeu o direito de seu país de deixar o Conselho de Direitos Humanos da ONU até que “reformas reais sejam feitas” e de aplicar as políticas migratórias que desejar, sem interferência externa.

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O presidente também atacou o Tribunal Penal Internacional (TPI) e afirmou que seu país só fornecerá ajuda humanitária “àqueles  que nos respeitam e são francamente nossos amigos”. “Disse aos negociadores que os Estados Unidos não pagarão mais do que 25% do orçamento de operações de paz da ONU “, completou.

Trump se referia às decisões anunciadas nos últimos meses de cortar todos os recursos que os EUA concedem à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e às ameaças de imposição de sanções contra o TPI se este vier a investigar as suspeitas de crimes de guerra cometidos por militares americanos no Afeganistão.

Mudança de posição sobre Coreia

Em seu discurso na Assembleia-Geral de 2017, Trump chamou o líder da Coreia do Norte Kim Jong-un de “pequeno homem foguete” com uma “missão suicida”. O presidente debutou na ONU com a advertência de que o país asiático seria “totalmente destruído” caso os Estados Unidos e seus aliados fossem atacados. Kim respondeu que Trump era “um desequilibrado mental”.

Já nesta terça, sublinhou a melhora nos laços com Kim, a quem elogiou por interromper testes nucleares e de mísseis e por devolver restos mortais de militares americanos da Guerra da Coreia ao seu país.

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Na segunda-feira, Trump afirmou que muita água rolou e que há um “progresso tremendo” nas negociações para conter os testes nucleares e de mísseis de Pyongyang. Ele também anunciou que planeja uma segunda cúpula com o líder norte-coreano.

“Kim foi realmente muito aberto e incrível, sinceramente, e acho que ele quer ver algo acontecer”, disse Trump, depois de se reunir com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, que celebrou recentemente uma cúpula intercoreana com Kim em Pyongyang. “Eu acho que dentro de um período de tempo relativamente curto, (a cúpula) será anunciada. O local será determinado, mas nós dois estamos muito ansiosos para recebê-la.”

Kim nunca compareceu à Assembleia-Geral da ONU, mas Trump, que se reuniu com ele em uma histórica cúpula em junho passado em Singapura, contou a jornalistas que o ditador norte-coreano lhe escreveu “uma bela carta”.

Venezuela

O presidente também abordou uma série de outros temas, como a Guerra na Síria, o combate ao Estado Islâmico (EI) e a crise na Venezuela em seu discurso. Sobre o regime de Nicolás Maduro, Trump afirmou que “a sede de poder do socialismo leva à opressão” e disse que “todos os países do mundo deveriam resistir ao socialismo”.

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O americano também anunciou novas sanções contra o círculo próximo de Maduro. Segundo o Tesouro dos Estados Unidos, as penalidades apontam para a primeira-dama, Cilia Flores, e também para o líder chavista Diosdado Cabello.

“Não faz muito tempo, a Venezuela era um dos países mais ricos da Terra. Hoje, o socialismo arruinou esta nação rica em petróleo e levou seu povo à pobreza abjeta”, denunciou.

Atraso

O presidente americano se atrasou para seu discurso e mudou a ordem dos pronunciamentos. O republicano deveria ser o segundo a falar, conforme dita a tradição, mas se apresentou após o presidente do Equador, Lenín Moreno, e depois de Michel Temer, que abriu os discursos das delegações na sessão.

O brasileiro defendeu a integração diante do isolacionismo que afeta o cenário mundial e afirmou que apoia o acolhimento de venezuelanos no Brasil. Temer também reafirmou a posição brasileira de apoio à solução de dois Estados para o conflito entre palestinos e Israel e o apoio à paz na Síria e na Península Coreana.

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Trump não foi o primeiro a se atrasar para a Assembleia-Geral. Em 2016, Barack Obama também chegou tarde à sede da ONU em Nova York e o presidente do Chade teve que discursar antes do previsto.

Risadas

No início de seu pronunciamento, Trump provocou risos entre os líderes da Assembleia quando ressaltou as conquistas de seu governo. “Em menos de dois anos, minha administração conquistou mais do que quase qualquer administração na história de nosso país”, disse.

A plateia então começou a rir alto. “É verdade”, insistiu. “Não esperava essa reação, mas está ok”, retrucou o líder americano, bem-humorado.

Ruptura mundial

O secretário-geral da ONU, o português Antonio Guterres, abriu nesta terça-feira a maior reunião diplomática do mundo com um aviso contundente sobre o crescente caos e confusão no planeta.

Guterres disse que a ordem mundial baseada em padrões comuns está “em um ponto de ruptura” e a cooperação é cada vez mais difícil. “Os valores universais estão se desgastando, os princípios democráticos estão sob um cerco”, disse ele.

O secretário não criticou especificamente nenhum país, mas entre os diplomatas existe o medo de uma divisão do mundo em esferas de influência e um retorno à rivalidade entre as grandes potências.

Na direção oposta à de Trump, Guterres pediu que os líderes mundiais renovem seu compromisso com uma ordem mundial baseada em regras comuns, com a ONU no centro de tudo. Traçando uma lista dos problemas do mundo, o diplomata reconheceu que os esforços de paz estão falhando e que as normas humanitárias internacionais estão em colapso.

(Com AFP)

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