Nigel Farage, arquiteto por trás do turbulento divórcio entre Reino Unido e União Europeia, anunciou nesta segunda-feira, 3, que concorrerá como candidato do seu partido ultradireitista Reform UK nas eleições legislativas do país, previstas para 4 de julho. É um golpe abrupto para o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, líder do Partido Conservador já que Farage deve puxar votos já escassos de eleitores da direita.
Questionado anteriormente sobre a participação, o político de 60 anos afirmou que não concorreria às eleições britânicas para auxiliar a campanha do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para retomar o controle da Casa Branca. Ao que tudo indica, o republicano enfrentará seu antigo rival e atual mandatário, Joe Biden, no pleito de 5 de novembro. Mas, no discurso de anúncio, Farage explicou que “mudou de ideia”: ficou culpado de não se colocar ao dispor dos cidadãos do Reino Unido que não se sentem representados por outros candidatos.
“Existe uma rejeição à classe política no país, de forma nunca vista nos tempos modernos”, disse Farage. “Não posso decepcionar estes milhões de pessoas.”
Ainda que Farage e Sunak tentem conquistar o eleitorado, o Partido Trabalhista lidera as pesquisas de opinião com 45% das intenções de voto, de acordo com o portal de notícias Politico. Em segundo lugar está o Partido Conservador (23%) e em terceiro o Reform UK (12%).
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Contra imigração
Figura anti-establishment, Farage foi central para vender a imagem do Brexit para eleitores da Inglaterra e do País de Gales que não foram conquistados pelos liberais-democratas e pelos trabalhistas.
O agora candidato acrescentou que liderará uma “revolta política” no Reino Unido e, indiretamente, criticou a administração Sunak ao dizer: “Nada neste país funciona mais”.
Esta é a oitava vez que Farage, também apresentador de TV, tenta eleger-se deputado. Ainda que não tenha sido bem-sucedido nas empreitadas passadas, ele segue como um dos políticos mais influentes do Reino Unido, rosto da luta contra a imigração ilegal. Seu partido defende que a entrada de refugiados no país é uma “ameaça à segurança nacional”.
Entre as propostas do Reform UK estão, de acordo com o site do partido:
- Deixar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos;
- Zerar a entrada de imigrantes imigrantes sem documentos no Reino Unido;
- Processar pedidos de asilo “offshore” (ou seja, fora do território nacional;
- Criar um novo Departamento de Imigração;
- Levar os imigrantes que atravessam o Canal da Mancha em pequenos barcos “de volta para a França”.