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Argentina voltou a ocupar papel de líder regional, diz Tillerson

Chefe da diplomacia dos EUA acorda com Argentina pressionar governo venezuelano e ampliar controle de fronteiras; viagem à América Latina pretere o Brasil

Por Luciana Rosa, de Buenos Aires
Atualizado em 4 jun 2024, 17h08 - Publicado em 6 fev 2018, 21h22
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  • Em giro pela América Latina, o secretário de estado americano de Trump, Rex Tillerson, chegou a Buenos Aires no último domingo sinalizando com clareza que a Argentina está de volta no mapa mundial de atores regionais. A passagem de menos de 48 horas do americano pelo país tinha objetivos e temas claros: a ampliação do comércio bilateral, a cooperação em termos de segurança e—principalmente—a atual situação da Venezuela.

    “Os Estados Unidos dão as boas-vindas à Argentina em seu retorno às lideranças mundiais” declarou Tillerson, logo após o encontro com o ministro de relações exteriores argentino, Jorge Faure.

    Casa Rosada, sede da presidência argentina.
    Casa Rosada, sede da presidência argentina, em Buenos Aires. (//VEJA.com) (//VEJA.com)

    No dia seguinte, foi a vez do embaixador interino dos Estados Unidos no país, Tom Cooney, afagar o ego portenho: “Nós vemos a Argentina como um modelo na região, uma democracia muito forte que está realizando reformas difíceis, porém importantes e necessárias, que farão com que sua economia e o comércio bilateral com os Estados Unidos cresçam”, afirmou.

    Acordo sobre a Venezuela

    Pouco antes, na segunda-feira, Tillerson havia se encontrado com o presidente argentino, Maurício Macri, para discutir como a Argentina poderia utilizar sua posição—agora vista como de liderança—para ajudar a pressionar o governo de Nicolás Maduro a dissolver a Assembléia Constituinte na Venezuela..

    Uma das medidas consideradas, seria exigir a aplicação da Cláusula Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA), segundo a qual, em caso de ruptura da ordem democrática ou golpe de Estado, prevê a expulsão de um país da organização.

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    Apesar de Macri e de membros da OEA, como Luis Almagro, ex-secretário geral da organização, já terem se manifestado favoráveis à medida, ela ainda não possui o número necessário de votos para ser aprovada. Isso ocorre porque seriam necessários os votos dos países que fazem parte da Aliança Bolivariana dos Povos das Américas (ALBA), os quais, em sua maioria, são apoiadores de Nicolás Maduro.

    Entretanto, ao que tudo indica, uma alternativa para o impasse foi costurada na Argentina: buscar o apoio dos países membros da Comunidade do Caribe (CARICOM) ou impor sanções em relação à venda de petróleo venezuelano como forma de pressão a Maduro.

    Segundo Tillerson, o único objetivo do governo Trump é que se restabeleça o regime democrático no país, “os Estados Unidos não vão tolerar a falta de democracia na Venezuela”, enfatizou em declaração feita no domingo no Palácio San Martín em Buenos Aires, afirmando ainda que, apesar de os Estados Unidos estarem considerando deixar de comprar petróleo da Venezuela, sua principal preocupação é que a medida não prejudique ainda mais a população venezuelana.

    “Nós continuamos considerando [embargar o petróleo]. Mas acredito que nossas diferenças são com o regime venezuelano e não com seu povo, que está sofrendo”, explicou.

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    Já do lado da Argentina, o chanceler, Jorge Faure, reafirmou a visão do país: “A posição argentina é absolutamente clara. Nós não reconhecemos o processo político e a onda autoritária na Venezuela. Nós não reconhecemos a Assembléia Constituinte, e estamos preocupados com a situação dos presos políticos. Aderimos a todos os mecanismos em nível regional que permitam não aceitar as decisões do governo de Maduro. Mas quanto às sanções, temos sempre em mente que elas não podem afetar o povo venezuelano”, completou.

    A Argentina junto ao Brasil e outros 10 países latino-americanos integra o Grupo de Lima, formado em agosto de 2017 com o objetivo de encontrar uma solução para a crise na Venezuela.

    Segurança nas fronteiras e combate ao narcotráfico 

    Outro acerto resultante da visita, é que a Argentina receberá ajuda da Interpol para implantar medidas para garantir a segurança durante o encontro do G20, que ocorre no final deste ano.

    O objetivo inicial é combater o narcotráfico, o tráfico de pessoas e, assim, prevenir também possíveis atentados terroristas. Ambos chanceleres afirmaram ser clara a existência de uma conexão direta entre o narcotráfico na América Latina e o financiamento do terrorismo internacional.

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    Entre os termos práticos do acordo estão controles mais rigorosos das pessoas que ingressam na Argentina, com o compartilhamento obrigatório pelas companhias aéreas de informações detalhadas dos passageiros transportados com no máximo 24 horas de antecedência do desembarque.

    A Interpol fornecerá dados que permitam identificar pessoas que possuam pedido de captura internacional – um modelo de controle migratório já utilizado também no México, no Chile e na Colômbia. Até o momento, a Argentina só podia identificar e reter procurados que já estivessem dentro de seu território. Além disso, sistemas de radar devem ser instalados nas zonas limítrofes, com foco especial nas zonas de fronteira terrestre críticas, como a Bolívia, e a fronteira com o Paraguai, que se estende à tríplice fronteira com o Brasil.

    A viagem de Tillerson não inclui o Brasil, mas prevê ainda paradas no Peru, na Colômbia e na Jamaica.

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