Inicialmente fora da lista de países integrantes da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta vista como o grande legado da presidência brasileira à frente do G20, a Argentina voltou atrás e colocou seu nome entre os membros antes do lançamento da iniciativa, nesta segunda-feira, 18, ganhando status de “membro fundador”.
Com a adesão de Buenos Aires, a aliança tem agora o endosso de 82 países e 66 organizações internacionais.
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“A República Argentina se torna um membro fundador desta Aliança ao mesmo tempo em que afirma, com as palavras do presidente Milei durante seu discurso especial na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial, que ‘o capitalismo de livre-iniciativa não é apenas o único sistema possível para acabar com a pobreza mundial, mas também (…) o único sistema moralmente desejável para alcançar isso”, diz o país no termo de compromisso.
O texto diz ainda que a Argentina, tirando lições de sua própria história, “se une à Aliança contra a Fome e a Pobreza enquanto abraça a Agenda da Liberdade e espera que outras nações também o façam”.
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A relutância em participar do projeto não é o único ponto de tensão da Argentina com o Brasil, que já mostrou descontentamento com a inclusão de menção à proteção de mulheres e taxação de super-ricos na declaração final da cúpula.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza tem como objetivo estabelecer uma forma de captação de recursos e conhecimentos entre países para a implementação de políticas públicas e tecnologias sociais eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. O mecanismo será gerido pelo governo brasileiro e pela FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas podem ter enfrentado a fome em 2023, o que representa uma em cada 11 pessoas no mundo. No Brasil, 8,4 milhões de pessoas passaram fome entre 2021 e 2023.
Durante discurso de abertura da cúpula de líderes, Lula relembrou que o Brasil saiu do mapa da fome da ONU em 2014, mas voltou em 2022, “em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social”, disse.
“Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas. Em um ano e 11 meses, o retorno desses programas já retirou mais de 24 milhões de pessoas da extrema pobreza. Até 2026, sairemos novamente do Mapa da Fome. E com a Aliança, faremos muito mais”, afirmou.